“Voltar para o Brasil foi umas das coisas mais difíceis da minha...

“Voltar para o Brasil foi umas das coisas mais difíceis da minha vida”

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Ewerton tem atualmente uma escola de guarda-redes no Brasil e uma empresa que vende equipamentos industriais. Assume que o regresso ao Brasil, depois de 12 anos Madeira (9 como atleta e 3 como adjunto) foi complicado e elege a exibição na final da Taça de Portugal com o Sporting como um dos momentos mais marcantes. Fala também do novo estádio dos Barreiros. O ex-guarda-redes verde-rubro e um dos maiores símbolos do Marítimo em entrevista ao AgoraMadeira.

O Marítimo continua bem presente na sua memória. Porquê?

Praticamente metade da minha carreira foi passada no Marítimo e foi o clube onde eu tive as maiores alegrias no futebol.

Como se vê no papel de melhor guarda-redes de sempre do Marítimo e um dos melhores da história que já passaram pelo futebol português?

Com muita honra e orgulho porque passaram pela baliza do Marítimo e pelas balizas dos demais clubes portugueses guarda-redes que, com toda a certeza, poderiam ter recebido a mesma distinção.

Passou nove épocas na Madeira. Qual foi a mais marcante e porquê?

Todas tiveram a sua importância, mas a época em que fomos à final da Taça de Portugal foi a que me marcou mais.

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De todos os jogos que realizou pelo Marítimo houve algum que o tivesse marcado mais?

Eu destaco dois jogos. A final da Taça de Portugal frente ao Sporting pela minha atuação individual e um outro jogo que acho que foi na época 92/93 que eu considero importantíssimo não tanto pela minha atuação individual, mas pela atuação coletiva da equipa. Foi contra o Farense em Faro na última jornada e com o Farense lutando para chegar a um lugar europeu e nós lutando para não cair onde o único resultado que nos dava garantias de ficar na Primeira Divisão sem depender de outros resultados seria a vitória, o que conseguimos por 2-1.

Por outro lado, qual foi o momento mais negativo no Marítimo?

Não existiram momentos negativos relevantes que pudessem ofuscar todos os momentos positivos.

Os adeptos adoravam-no (e adoram). Como explica essa relação tão boa que existiu (e existe) de parte a parte?

Eu acho que talvez tenha sido porque eu me identifiquei muito com o clube e com a Região. Isto associado às boas participações dentro de campo fizeram com que os adeptos tenham um carinho muito especial por mim. Da minha parte é recíproco.

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Há algum treinador que tenha ficado mais na sua memória dos anos no Marítimo?

Eu destacaria dois embora o meu relacionamento com todos os treinadores tenha sido excelente. Paulo Autuori, porque foi com ele que a escalada europeia do Marítimo começou, e o Mister Manuel Oliveira por ter sido quem me deu a oportunidade de ir para a Madeira.

Imagino que também se deva ter apaixonado pela Madeira. Como foi viver na ilha?

Talvez uma das coisas mais difíceis da minha vida foi ter tomado a decisão em família de voltar para o Brasil. Foram 12 anos (9 anos como atleta e 3 como adjunto) muito bem vividos. As minhas duas filhas nasceram na Madeira e eu me sentia como se estivesse no meu país ou na minha casa.

Já voltou alguma vez à Madeira depois de ter saído do Marítimo?

Voltei quando o Marítimo jogou a outra final da Taça de Portugal contra o Porto.

Continua a acompanhar a atualidade do clube à distância?

Sim, hoje com a internet e com as assinaturas temos todas as informações do que se passa no clube e na ilha.

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Como vê a renovação do estádio dos Barreiros?

Com uma mistura de tristeza e contentamento. Tristeza porque a imagem do estádio dos Barreiros vai ficar somente na lembrança, o relvado verde rodeado pela aquela paisagem maravilhosa desapareceu. Por outro lado, entendo que o clube já merecia um estádio mais moderno, à altura das suas ambições no futebol português.

Como foram os anos seguintes à passagem pelo Marítimo?

A readaptação ao Brasil foi um pouco complicada, principalmente para as crianças. Para mim também foi difícil principalmente em relação a dar continuidade à carreira dentro do futebol. A relação clube/treinadores  é muito frágil, não existem projetos a médio ou longo prazo. Tudo gira em volta de resultados e isto não só no futebol profissional, em todas os escalões é a mesma coisa. Em função disto acabei por abandonar o futebol profissional.

O que faz o Ewerton atualmente?

Em relação ao futebol, tenho uma escola de guarda redes aqui na minha cidade mas que trabalha com guarda redes não profissionais e crianças. E também continuo batendo a minha bolinha agora no que nós chamamos aqui de futebol socyti ou de 7, nos veteranos. Para além disto, tenho uma empresa comercial que vende e distribui equipamentos para a indústria em geral.

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EVOZ

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