Líder do PS-M: “Acredito que é possível alcançar a maioria absoluta”

Líder do PS-M: “Acredito que é possível alcançar a maioria absoluta”

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PS-Madeira, liderado por Victor Freitas, aprova coligação.

Victor Freitas acredita que é possível alcançar, com uma coligação de ‘Mudança’, a maioria absoluta. Em entrevista ao AgoraMadeira, o líder do PS/M diz ter soluções para a dívida da Madeira e revela já ter um plano traçado com António Costa.

Como viu este Congresso do PSD-Madeira?
Quero destacar três notas: a primeira é que ninguém chega a presidente do Governo Regional copiando as propostas e as ideias dos outros partidos, em vez de ter ideias e propostas suas capazes de resolver os problemas; a segunda nota é que vi um PSD-Madeira agora colado ao PSD de Passos Coelho, o que me deixa preocupado porque o PSD de Passos Coelho é responsável pelos últimos quatro anos de desastre na governação do País, mas também por quatro anos de sufoco à Região Autónoma da Madeira. É preciso não esquecer que tivemos um plano de ajustamento (negociado entre o PSD/M, o PSD e o CDS/PP de Lisboa) que não foi nada suave com a Madeira. Fomos tratados pior do que a Troika tratou Portugal.
Por fim, uma terceira nota está relacionada com esta dita renovação que não será mais do que a renovação da governação de Alberto João Jardim e dos últimos 10 anos. Foram erros atrás de erros e que, do ponto de vista económico e financeiro, colocaram a Madeira na atual situação de falência completa.

O que destacaria deste congresso do PSD/M?
Assisti a uma tentativa de passar as culpas. O PSD de hoje quer fazer de conta que não foi responsável por estes 40 anos de governação. Este é o PSD da bancarrota aquele que vai a eleições no próximo mês de Março.

Mesmo antes do congresso, alguns comentadores políticos têm vindo a dar praticamente como certo o nome de Miguel Albuquerque como próximo presidente do Governo Regional. Como reage a isso?
Em 2013, quando fomos para as eleições autárquicas, toda a imprensa – regional e nacional – e diversos comentadores davam o PSD como vitorioso, mas o que é certo é que o PSD levou uma grande sova, pois perdeu sete câmaras municipais que passaram para as mãos da oposição. E claramente que o Partido Socialista foi o grande vencedor dessas eleições.
Devo dizer que muitos comentadores querem transformar a realidade da Madeira e pretendem se substituir ao eleitorado. Não há candidatos antecipadamente vencedores! Está tudo em aberto e estou convencido que vamos fazer a mudança que fizemos nas autárquicas, agora nas regionais.

“Estou convencido que vamos fazer
a mudança
que fizemos nas autárquicas,
agora nas regionais”

Com que estratégia é que o PS/M espera fazer essa mudança?
Está a haver diálogo com outras forças políticas e a breve trecho teremos uma coligação para irmos para eleições. Estou convencido de que os cidadãos querem uma mudança e não a continuidade. Esta é uma falsa renovação de políticas e de protagonistas porque não há mudança de ciclo político sem uma mudança de partidos à frente dos destinos da Região.

O PS Madeira vai coligar-se com que partidos?
A seu tempo será anunciado publicamente. Não vou antecipar os partidos que estarão nessa coligação, mas o que é certo é que essa coligação vai mesmo acontecer.

Fala-se em negociações com o PCP, a título de exemplo. Os comunistas já lhe comunicaram a sua resposta?
Já lhe disse que não irei falar de partidos porque essas questões discutem-se internamente.

O PS/M tem quadros preparados para avançar e responder aos novos quadros que o PSD/M vai apresentar?
Não estou preocupado com o PSD, mas sim com os madeirenses e com os portosantenses. Como sabem, serei candidato a presidente do Governo e entendo que acabou o tempo de sentar à mesa, quatro, cinco ou seis cavalheiros que querem ser presidentes do Governo, cada um, querendo um novo hospital ou isto ou aquilo…
Nesta campanha eu quero saber como! Quem apresentar um programa tem de dizer onde vai buscar o dinheiro porque não vale a pena andarmos aqui com ilusões, a prometer tudo a todos e depois não ter sustentabilidade nessas promessas.

Como olha para a dívida da Região?
O PSD que afundou a Região deixa-nos uma dívida colossal. Em 2013 pagamos 300 milhões de serviço da dívida, em 2014, quando saíram os dados em Julho, já íamos em 295 milhões. A partir de 2016, se continuarmos na mesma lógica, teremos dívida para pagar por ano cerca de 400 milhões de euros, mas sabe que 300 milhões dava para o novo hospital.

“Estou em diálogo com António Costa
(não tenho dúvidas que a partir do próximo mês de Outubro será o primeiro-ministro
de Portugal)”

Face a isso, se for presidente do Governo Regional, como espera resolver esse problema?
Só se resolve a dívida com uma negociação com os nossos credores e com o apoio do Estado. Estou em diálogo com António Costa (não tenho dúvidas que a partir do próximo mês de Outubro será o primeiro-ministro de Portugal) com o objetivo de traçarmos um plano para resolvermos este problema. Para que o serviço da dívida da Madeira não ultrapasse muito mais dos 100 milhões de forma a que exista dinheiro para a economia, para as empresas e para o investimento.
No ano passado, tivemos receitas próprias de 840 milhões de euros, tivemos mais 170 milhões do Orçamento do Estado e o resto do dinheiro provém dos fundos comunitários mas temos de entrar com recursos financeiros.  É preciso referir que ainda não estamos a sentir o impacto do serviço da dívida porque estava a entrar dinheiro do Plano de Ajustamento Económico Financeiro mas a partir do dia 27 de Janeiro 2016 não entra mais dinheiro do PAEF!

Que outros temas fazem parte das prioridades para o Partido Socialista?
Antes das eleições, e depois de falar com o meu camarada António Costa, irei apresentar o meu plano em relação a várias questões que estão em cima da mesa: a questão da dívida da Madeira, o Centro Internacional de Negócios, os transportes aéreos e marítimos, a Educação e a Saúde. Mas o que se irá debater no futuro, nos próximos três meses é o seguinte: quem está em condições de fazer a mudança na Madeira e de resolver os problemas dos madeirenses?
Estamos a viver com um elefante dentro da ilha – a dívida. O bicho andou dentro do congresso do PSD/M e ninguém lhe tocou! Nos últimos quatro ano,  o PSD meteu um elefante dentro da sala, leia-se a Madeira, e engordou-o… Cada vez que o elefante mexe um pé vão milhares para o desemprego, cada vez que abana uma orelhinha vão milhares para as terras de emigração e muita da classe média para situações de pobreza, com pessoas a entregar casas ao banco e empresas a falirem.
O elefante já não cabe na porta e o PSD até já tentou cortar às postas, mas não tem serra para isso porque o problema da dívida está todo por resolver e com tendência a se agravar. Se o serviço da dívida era de 300 milhões e agora vai passar a ser de 400 milhões, é necessário arranjar uma solução!

A solução nunca passará, a seu ver,  pela continuidade do mesmo partido na governação?
O PSD e o CDS têm dito à Madeira que quem fez dívida é que a vai pagar e que os madeirenses não terão solidariedade nenhuma do Estado em relação à dívida da Madeira e nós não a tivemos realmente. Enquanto estes dois partidos lá estiverem, e enquanto o PSD cá estiver, essa solidariedade não vai existir. Só haverá solidariedade ao nível nacional se existir um Governo que não seja responsável por ter feito a dívida e a ocultado. Se nem um governo PSD e CDS ao nível nacional confiou no Governo Regional, um Governo de esquerda ao nível nacional também não vai confiar no mesmo partido que fez a dívida e ocultou as contas para nos ajudar. Quem o disse não fui eu mas sim Passos Coelho e Paulo Portas que ao longo dos últimos três anos demonstraram essa realidade.

O PS/M, em coligação, é então a única solução para o futuro dos madeirenses?
O Partido Socialista com uma coligação é a única solução que os madeirenses têm para que os próximos quatro anos não sejam piores do que os últimos. Porque o PSD não tem aliados em sítio nenhum e assim sendo, como o serviço da dívida aumenta, diminuem as receitas que o Governo Regional tem para resolver os problemas dos madeirenses. Não acredito que nenhum madeirense queira agravar a sua situação económico-social…

” Farei tudo para ter uma maioria absoluta (…) Acredito que é possível alcançar
a maioria absoluta”

E se o  PS/M perder as eleições regionais, ainda que coligado, vai manter-se como presidente do partido?
Não vou antecipar cenários em relação ao que se vai passar nos próximos tempos. A única coisa que posso dizer, neste momento, é que estou empenhado em fazer, pela segunda vez, uma mudança na Madeira e estou convencido que é isso que os madeirenses desejam. O PSD-M sente-se embalado pela festa que fez este fim de semana mas essa festa é um contraste completo em relação ao que se passa na casa das famílias. O que os madeirenses querem é emprego. Para isso, é preciso resolver o problema da dívida para ter uma carga fiscal menos elevada e poder utilizar os fundos comunitários para fazer investimento.

Esta é a sua resposta a Miguel Albuquerque que por mais que uma vez disse esperar uma maioria absoluta?
Vejo muita gente entrar para eleições com perspetivas eleitorais irrealistas… O que posso dizer é que farei tudo para ter uma maioria absoluta de forma a governar a Região. Acredito que é possível alcançar a maioria absoluta… não acredito que os madeirenses e portosantenses, depois de verem tudo o que se passou nos últimos anos, queiram mais quatro anos piores do que os últimos.  E até ao momento ainda não vi nenhuma medida para resolver os problemas das pessoas por parte do PSD.
Prometer não chega porque isso é enganar os cidadãos. Também posso prometer um novo hospital e prometer que vou trazer o ARMAS (promessa que irei cumprir) mas é preciso dizer como porque senão é folclore político.

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