As viagens – mais uma promessa eleitoral que ficará por cumprir.
É o tema do momento. Podemos ou não ter tetos máximos nos valores das viagens na Madeira? Podemos ou não exigir o mesmo a que os Açores tiveram direito? Sim, podemos exigir. Mas será que o podemos pagar? Não. As contas são muito simples, na verdade.
Basta olhar para os números. Nos Açores podemos fazer, podemos suportar tais encargos para benefício da população através dos fundos comunitários, sim. É um bom investimento, sim, sem dúvida. Mas os Açores têm verbas para isso. Têm 1.140 milhões de euros disponíveis para injetar na Região. E prioritarizaram, prepararam, planearam, fizeram disso uma prioridade governativa. Nós não.
A Madeira tem 403 milhões para aplicar na Região
ao longo dos sete anos de vigência
do Programa Operacional 14-20.
E os tais 60 milhões necessários para suportar os encargos com as viagens não estão disponíveis, a não ser que se decida inviabilizar todos os apoios ao tecido empresarial regional (já em regime de cuidados paliativos) em detrimento dos apoios às viagens.
E a grande questão que se coloca é saber se vale a pena apostar numa maior mobilidade, e esquecer o sector terciário e o impacto que isso terá no turismo. Ainda que o investimento chegue aos 320 milhões, os Açores podem manter os tetos máximos. Se formos a fazer o mesmo, o único investimento que poderemos fazer nos próximos anos será na agricultura, ao abrigo dos 179 milhões agora disponíveis no PRODERAM. Esta é a realidade.
Se gostaria que se impusesse um teto máximo nos preços das viagens? Sim, obviamente que sim. Mas eu sou mais cuidadosa e não faço disso uma bandeira política quando sei que não a posso cumprir.