O utente do Atalaia Living Care terá caído ao mar na zona do Portinho e morrido no próprio dia em que desapareceu – a 6 de Dezembro de 2018 – tendo, ao que tudo indica, o corpo ficado 15 dias no mar até ser encontrado na zona do Pináculo, em São Gonçalo. Esta é, sabe o AgoraMadeira, a tese defendida pela Polícia Judiciária que, segundo foi possível saber, afasta a possibilidade de suicídio e até mesmo homicídio, já que não havia qualquer indício nesse sentido. Tudo terá então sido um acidente baseado no estado físico e mental do doente. Esta é também a opinião da família.
«Terá sido na vereda que desce o Atalaia e dá acesso ao Portinho já que é o acesso mais rápido ao mar. Ele não tinha força nem equilíbrio para ir muito longe. Para além do mais, na estrada principal, as câmaras nunca o apanharam a passar. O acesso a esse precipício tem uma zona vedada, mas essa vedação já está quase toda danificada e no chão. E é também um percurso turístico , portanto de fácil acesso», contou ao AgoraMadeira um familiar de Paulo Gouveia que não tem dúvidas que o corpo terá sido levado pela corrente para a zona do Pináculo.
«Não foi suicídio! O Paulo era muito doente e tomava cerca de 30 comprimidos por dia. Ficou assim depois de um acidente de mota que deixou sequelas graves. Também tinha muitas alucinações.
O que aconteceu foi que, sabendo do aniversário, ficou ansioso e agitado e saiu sozinho. À hora que ele saiu rapidamente anoiteceu e estavam dias de muito vento. Ele tinha pouca força e equilíbrio
Portanto deambulou até cair ao mar. E para quem conhece a zona , sabe que caindo, nas condições dele, era impossível conseguir reagir. Ele caiu ao mar, na zona do Atalaia. O corpo foi avistado em frente ao Pináculo e recuperado lá , depois de 15 dias no mar e arrastado por correntes. Este caso é claramente um acidente, como foi confirmado pela Polícia Judiciária», complementou a nossa fonte.
O dramático despiste de mota de 2013
Paulo Gouveia era uma pessoa normal até que sofreu um grave despiste de mota em 2013. Perdeu o controlo da mota numa curva e embateu num camião que estava estacionado. Ficou depois duas semanas em coma e quando acordou não se mexia nem falava. Ficou internado no hospital de novembro de 2013 a abril de 2014, tendo depois ido para o Hospital João de Almada. A família tentou colocá-lo na Associação de Paralisia Cerebral da Madeira mas em 2015 surgiu uma vaga no Atalaia Living Care.
«Ele tinha diabetes, epilepsia, alucinações e outros distúrbios mentais. Associado à parte física, era impossível cuidar dele em casa até porque o pai já esta inválido e tinha falta de visão. A mãe, além de ter de trabalhar para sobreviver, não tinha também conhecimentos nem força para cuidar dele. O internamento foi a solução da segurança social», recordou o familiar.