Tubarão azul ataca nadador ao largo de Santa Cruz
Frederico Silva estava a ser o mais rápido da travessia ao nível individual quando o que parecia impossível aconteceu. “Já tinha nadado mais de uma hora e estava prestes a fazer o segundo abastecimento quando senti uma pancada forte num ombro. A minha reação imediata foi de surpresa a pensar em quem eu podia ter batido quando sabia que não tinha ninguém à minha volta”, começa por contar o nadador que no passado chegou a participar em provas internacionais.
De imediato, ao levantar a cabeça para ver o que que estava acontecer, Frederico deparou-se com um grande movimento na água logo à sua frente mas de imediato um dos canoistas que o acompanhavam num caiaque de apoio o tranquilizou. “Foi um golfinho”, disse o canoista.
A reação imediata de Frederico foi olhar para o fundo para ver o ou os golfinhos…”Quando olhei não vi um golfinho mas sim um tubarão a se dirigir para o fundo. E era grande! Tinha seguramente entre dois a três metros. Quando voltei a olhar para dentro de água deixei de vê-lo”, relata, lembrando que os colegas que o acompanhavam pediram de imediato ajuda via rádio ao barco de apoio que seguia mais à frente.
“Enquanto isso, subi para o caiaque e coloquei-me deitado de barriga para baixo a meio deles os dois, mas o peso era muito e começou a entrar água ameaçando ao mesmo tempo virar a embarcação. Na mesma altura que esperávamos, o tubarão passou o tempo a andar às voltas à volta do caiaque com a barbatana de fora, tipo filme mesmo”, conta.
E porque o tubarão continuava perto e o caiaque ameaçava afundar-se um dos canoistas gritou mesmo para o barco de apoio pedindo para terem cuidado com a ondulação de forma a que o caiaque não virasse, o que acabou por não acontecer. “Foi uma cena dos diabos!” assume.
TUBARÃO AINDA DEMOROU A SAIR DEPOIS DA CHEGADA DO BARCO DE APOIO
Mas Frederico Silva sublinha a persistência do tubarão. “Ele só foi embora quando o barco da organização vai para cima dele insistentemente com os motores do barco. Mas não foi à primeira!”
Frederico e os dois canoistas regressaram então a Santa Cruz a bordo de uma lancha do SANAS e com uma grande história para contar. “Sinto que consegui gerir bem a situação. Os canoistas também foram impecáveis. Afinal de contas estava tudo bem, não se passou nada!”
Apesar do enorme susto, ficou a garantia do regresso ao mar para uma nova aventura, desta feita com destino ao Porto Santo. “No dia passou-me tudo pelo cabeça e cheguei a pensar se devia continuar nestas travessias ou não. Se for racional, as probabilidades de isto acontecer uma vez são remotas mas as probabilidades de isto acontecer duas vezes são ainda mais, e estou em condições de fazer a prova. Se calhar vou pedir que venha um barco com motor comigo na próxima”, sorri.
«CHEGAR AO PONTO DE TOCAR E FICAR A RONDAR NÃO É NORMAL!»
Confiando num futuro sem mais incidentes do género, na mesma o nadador é o primeiro a assumir que tudo o que aconteceu é tudo menos normal! “Segundo me disseram, esta espécie não é vista com muita frequência aqui na Madeira, nem é frequente aparecer onde apareceu. Não é normal e ainda menos normal é aparecer e chegar ao ponto de tocar em alguém. E ficar a rondar também é normal. Dá a sensação que ele poderia estar a pensar em algo mais. Valeu que o caiaque estava pertinho se não podia não ter corrido tão bem”, admite.
E continua. “Segundo me informei, esta é uma espécie muito persistente e que ataca com várias investidas. Primeiro pode dar uma cacetada, depois uma mordidela, depois dá mais uma volta…Enfim!”
«ORGANIZAÇÃO MINIMIZOU MUITO A SITUAÇÃO!»
Frederico Silva entende que a organização da travessia a nado, a cargo da Associação de Natação da Madeira e do Iate Clube de Santa Cruz, podia ter dado mais atenção ao que aconteceu.
“A organização minimizou muito a situação. Compreendo que não quisessem manchar, de certa forma, o evento, mas podia ter corrido muito mal para alguém e eu não falo de mim! Era um tubarão grande, persistente e que andava ali a rondar…Disseram que ia estar muito atentos mas ele podia aparecer de repente e fazer danos irreparáveis a alguém”, conta, reconhecendo: “A organização mandou toda a gente sair da água e suspendeu mesmo a prova durante 10 a 15 minutos até decidirem continuar porque deixaram de ver o tubarão”, constata em jeito de conclusão.