Num País em que, só em 2014, foram assassinadas mais de 40 mulheres, a Madeira não é excepção no que toca à violência doméstica. A Região viu este flagelo crescer 12% no ano passado face a 2013. Apesar da rede de apoio às vítimas, sete famílias tiveram de ser enviadas para o Continente, por risco efetivo de morte.

Desde 2002, já passaram pelas casas de abrigo às vítimas de violência doméstica 638 crianças. A Madeira conta com três residências de abrigo e uma Casa de Transição geridas por Instituições Particulares de Solidariedade Social. São refúgios que providenciam protecção e segurança, mas também o desenvolvimento de aptidões profissionais e condições para a reorganização de vida.  Já a Casa de Transição destina-se a vítimas de violência doméstica que, já não estando em situação de perigo, não reúnem condições de vida autónomas.

Para quem é forçado a partir, o desafio de iniciar uma nova vida longe de familiares e amigos exige uma boa dose de coragem, mas é também a única forma de garantir a sobrevivência. Um desses casos aconteceu, em 2004, quando uma mulher com cinco filhos foi obrigada a fugir do companheiro para território continental. Felizmente, tudo correu bem e a família está de regresso à ilha, agora em total segurança. A história foi recordada recentemente pela coordenadora  do Plano Regional contra a Violência Doméstica, durante um jantar-debate em Machico.

No decorrer do debate, Teresa Carvalho deu ainda conta de um estudo que aponta para que 57% dos adolescentes e jovens do distrito do Porto tenham sido vítimas de comportamentos abusivos nas suas relações de namoro, 16% dos quais de bofetadas e 4% de esganadura.

Só no primeiro semestre de 2014, foram participados na Região 548 crimes, um número que tende a aumentar, seguindo a tendência do todo do País. O Continente registou, em 2014, mais de 40 homicídios de mulheres por companheiros, ex-companheiros e familiares próximos e 46 tentativas que não resultaram na morte da vítima. O número aumentou face a 2013, ano em que se verificaram 37 homicídios.

Mais de 300 agressores vigiados pela pulseira eletrónica
Numa altura em que se completam quatro anos de recurso à pulseira no âmbito da violência doméstica, 319 arguidos encontram-se sob vigilância electrónica, mais 23 do que os registados em 31 de Dezembro do ano passado, segundo os dados provisórios avançados, ontem, pela Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

Em 2014, a pena ou medida de vigilância electrónica foi aplicada a 313 agressores, dos quais 235 foram considerados finalizados durante esse período. No ano anterior, 229 agressores utilizaram a pulseira electrónica, com 141 casos a serem declarados findos nesse período.

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