O relato de quem está confinado na Quinta do Lorde
Foi das primeiras pessoas a ficarem confinadas na Quinta do Lorde.
Depois de ter sido forçado a sair da Bélgica pelo fecho da empresa onde trabalha devido à pandemia do novo coronavírus, Márcio Barros chegou este domingo à noite à Madeira num voo proveniente de Lisboa, após uma ligação desde a Bélgica. Foi um dos quatro passageiros daquele voo que foi para o Caniçal.
“O avião vinha bem composto de passageiros, na sua maioria madeirenses. Perguntaram a toda a gente se tinha condições para ficar sozinho em casa em isolamento durante duas semanas. A maior parte das pessoas foi embora. Fiquei eu e mais quatro mulheres”, conta ao AgoraMadeira o antigo elemento dos Bombeiros Voluntários do Porto Santo.
“Pelo que me apercebi, uma das mulheres veio do Brasil mas é madeirense, e não foi para casa porque lá tinha de partilhar uma casa de banho. Havia também uma estrangeira, residente na Madeira, mas que tinha ido visitar familiares”, relata o ex bombeiro que desde o início deste mês começou a trabalhar na Bélgica.
Na Madeira, Márcio Barros vive com a mãe e assume que a ida para a Quinta do Lorde acabou por ser a melhor solução.
“O meu medo era ir para casa. A minha mãe tem alguns problemas, doenças respiratórias, e ia arriscar muito. Se eu estiver infetado, não quero passar para ninguém!”, assegura.
CUIDADOS MAIORES NA MADEIRA
Márcio Barros garante que a medição da temperatura só aconteceu no Aeroporto da Madeira.
“Nem na Bélgica, nem em Lisboa. Ninguém me viu a temperatura, sem ser na Madeira”, adianta.
Na unidade hoteleira do Caniçal, Márcio Barros diz que não tem faltado nada, apesar de não poder sair do apartamento limitando-se a apenas a ir à varanda de acesso privado.
“Estou mais descansado aqui. Os meus colegas da empresa que vivem no Porto estão mais preocupados porque não têm esta alternativa como nós temos aqui na Madeira para quem não tem condições em casa para ficar isolado. Aqui na Quinta do Lorde não me tem faltado nada. A comida é de take away, tenho tv no quarto. Sou tratado como um cliente normal”, conta, assumindo a forte presença da PSP no Caniçal, também com agentes à paisana.
E assim será até ao próximo dia 6 de Abril.