Livros – Generalização, Inclusão e Acessibilidade
Francisco Fernandes / Ex-secretário regional da Educação e da Cultura
“O direito à leitura só será plenamente atingido com a popularização do livro inclusivo e com a assunção dos formatos alternativos como parte integrante de edição literária”.
O livro destinado a um público infantil e infanto-juvenil desempenha um papel essencial para a prossecução da educação plena, designadamente através das bibliotecas escolares, ocorrendo aí a sementeira para a leitura e para a escrita criativa e, à volta daquelas, as feiras, a cultura, a interdisciplinaridade, o cruzamento com as expressões artísticas e a animação sociocultural, catapultando os resultados escolares para a zona positiva, reconhecendo ao conto um espaço de privilégio no percurso escolar. Os estabelecimentos de educação e os agentes educativos preenchem a zona outrora ocupada pela família, onde o embalo das crianças era feito da memória dos avós e dos pais, memória feita conto, lenda, canção, lengalenga, adivinha, transportando tradições, incutindo valores e criando imaginários, valorização que cresceu com a popularização do objecto livro, ou com o conto feito BD, filme ou vídeo, numa relação estreita com valias que hoje pretendemos transmitir à geração que, enquanto pais ou educadores, estamos encarregues de ajudar a educar.
Porém, os públicos são diversos e a acessibilidade tem de percorrer caminhos alternativos, hoje facilitados pela tecnologia na produção de conteúdos em formatos acessíveis, com produção ou adaptação de versões e formatos facilitadores da leitura junto da população com necessidades especiais, seja pela interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP), pela transcrição Braille, relevos ou ampliação, pela legendagem com Símbolos Pictográficos para a Comunicação (SPC), livro que, sendo escrito ou em forma multimédia, inclui os leitores com deficiência auditiva, visual, ou motora, com dificuldades intelectuais, desenvolvimentais ou de aprendizagem.
O concurso literário inspirado no projeto “Todos Podem Ler” (DREER/DATIC, 2011) e na experiência do livro inclusivo “Ogima – O viajante do espaço no Planeta dos BMQ” (Cercica, 2012), lançado em 2013 com a designação “Concurso Literário Ogima – Todos Podem Ler” representou, quiçá, a primeira e mais inovadora experiência nacional estimuladora da edição de livros inclusivos.
O direito à leitura só será plenamente atingido com a popularização do livro inclusivo e com a assunção dos formatos alternativos como parte integrante de edição literária.
P.S. – Ao Sérgio e à Patrícia uma boa viagem na aventura que ora iniciam.