O deputado Carlos Gonçalves (PSD), eleito pela Emigração pelo círculo da Europa, disse, recentemente na Alemanha, que o ensino do português no estrangeiro não deve estar só nas mãos de Portugal. Sobre este assunto, o AgoraMadeira ouviu alguns emigrantes, mas as expetativas estão longe de ser positivas.
No final da viagem à Alemanha, concluída na passada segunda-feira, o parlamentar socialista Carlos Gonçalves considerou que os países de acolhimento das comunidades portuguesas devem ter uma postura mais ativa relativamente ao ensino da língua.
“Nós temos que reforçar o trabalho com os países em que as nossas comunidades estão integradas. Os portugueses que residem na Alemanha pagam os impostos, contribuem para a vida económica e social daquele país”, sublinhou.
Os emigrantes que residem na Alemanha aplaudem a ideia na teoria, mas lembram que a preponderância de outras comunidades face à portuguesa pode justificar o ‘desinteresse’ daquele País.
“Na Alemanha existem poucos portugueses, comparativamente com emigrantes de outros países e isso faz com que tentem poupar nesse investimento”, refere Jabe Monteiro.
Teresa Romão, outra emigrante radicada na Alemanha, defende precisamente o mesmo. “Pela quantidade de portugueses a viverem cá, penso que uma maior promoção da língua portuguesa por parte da Alemanha não vai ser opção”, atesta.
Novas gerações de emigrantes sem interesse pelo português
A escassez de escolas com o ensino de português foi uma das queixas mais ouvidas pelo AgoraMadeira. Na Alemanha, Teresa Romão diz nunca ter tido a possibilidade de colocar os filhos numa escola portuguesa, justamente por causa da distância.
“Para termos uma escola, tínhamos de andar mais de 100 km. Na Alemanha, as línguas que se ensinam nas escolas normais são o francês, o inglês, o turco e o espanhol”, lamenta a emigrante.
Para Teresa Romão, o ideal seria aumentar a oferta dos cursos de português, por forma a que os portugueses das gerações mais novas continuassem a falar a língua materna. “Mesmo, a família falando português em casa, é difícil manter os da segunda e terceira geração a falar a sua língua”, sublinha.
A mesma opinião tem Ana Cotrim. “Infelizmente, onde resido não temos escolas que lecionem o português, para grande pena minha, pois gostava que a minha filha aprende-se a escrever corretamente a nossa língua”, vinca a emigrante a viver na Alemanha, considerando que a aprendizagem da língua materna tem um papel importante na ligação aos nossos costumes e tradições.
Em Munique, Jabe Monteiro dá conta de uma realidade diferente. “Eu tenho 2 filhos na escola portuguesa que, aqui mesmo na cidade. Pago 80€ por cada filho. Este preço fica mais acessível para casais com dificuldade aí fica um pouco mais barato”, declara, acrescentando que muitos portugueses queixam-se da falta de escolas, mas a verdade é que também há “muito desinteresse” por parte da comunidade.
“É típico do português reclamar, mas quando as coisas existem ninguém adere”, exclama.
Da Alemanha para o Reino, as críticas à fraca promoção do ensino da língua portuguesa persistem. Francisco Pereira, madeirense radicado em Londres, acredita que “se este projeto não envolver as duas comunidades não tem condições para funcionar”. Segundo o jovem, a falta de escolas com ensino português é uma realidade. “Que seja do meu conhecimento há o instituto Camões, por exemplo, fica a uma hora e meia de londres”, conclui o emigrante.