Dia da Mulher: sim ou não? Alerta internacional para ameaça de retrocesso

Dia da Mulher: sim ou não? Alerta internacional para ameaça de retrocesso

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O Dia Internacional da Mulher assinala-se hoje com várias iniciativas de norte a sul do País, mas será que continua a fazer sentido celebrar esta efeméride? E quantos portugueses sabem as razões para se assinalar este dia? Alerta também para um relatório internacional a dar conta no retrocesso da igualdade de direitos.

Jantares, flores convívios, debates, conferências ou tertúlias. São inúmeras as iniciativas que assinalam, hoje, o Dia da Mulher, mas esta efeméride não convence todas as mulheres. Algumas acreditam que o sentido da celebração está desvirtuado e até quem desconheça os motivos por detrás deste dia.

“O Dia da mulher é todos os dias”, afirma Cecília Silva. A doméstica entende que, se não existe um dia do homem, ao contrário também não se justifica. Já Rafaela Azevedo vê as coisas de outra forma. Embora concorde que a celebração faz sentido enquanto não existir plena igualdade de direitos, a estudante lamenta que haja “pessoas” que usam este dia para festejar, sem refletir no verdadeiro significado do dia, nem lembrar “todas as mulheres que morreram na luta por direitos iguais aos homens”.

Alerta internacional para a ameaça de retrocesso na igualdade de direitos
A preocupação desta jovem vai ao encontro de um alerta lançado, hoje, pela a Amnistia Internacional (AI). Num relatório divulgado nas Nações Unidas, a organização não governamental  chama a atenção para a existência da ameaça de um retrocesso nos direitos das mulheres, duas décadas após a aprovação de um acordo global de referência sobre a igualdade de género.

A organização alertou, ainda, para a situação que as mulheres vivem em zonas de conflito, como no Afeganistão, Sudão do Sul, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, no nordeste da Nigéria, em áreas controladas pelo grupo extremista Estado Islâmico (IS) e outros grupos armados violentos, em que há uma escalada da violência contra o sexo feminino.

De acordo com o documento, as mulheres continuam a sofrer violência baseada no género e outras violações dos direitos humanos justificadas pela tradição, costumes ou religião, como o casamento forçado, a mutilação genital feminina e crimes cometidos “em nome da honra”.

Também nos países ocidentais, a ameaça ao retrocesso nos direitos femininos é preocupante. Discriminação, negação à igualdade na participação na vida pública e política, violência baseada no género são alguns dos problemas que as mulheres em todo o mundo continuam a enfrentar.

Porquê o Dia da Mulher? 

rosafinal

A 8 de março de 1857, as operárias de uma fábrica têxtil de Nova Iorque, nos Estados Unidos, decidiram levar adiante, após imensas pressões e ameaças, uma greve para reivindicar melhores condições de trabalho e salários iguais aos dos homens, numa altura em que chegavam a receber um terço do salário dos homens que executavam o mesmo trabalho.

A manifestação não foi bem aceite, as grevistas foram alvo de ataques de violência e trancadas dentro da fábrica onde se manifestavam e que foi, posteriormente, incendiada. 130 mulheres morreram carbonizadas nesse dia.

Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu que, em homenagem a estas mulheres, o dia 8 de março passaria a ser o Dia Internacional da Mulher, para lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas do sexo feminino.