“Aventura da emigração tem de ser acautelada para não ser duplamente penalizadora”

“Aventura da emigração tem de ser acautelada para não ser duplamente penalizadora”

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O Reino Unido é o país para onde os madeirenses têm emigrado mais nos últimos tempos. Na segunda parte da entrevista ao AgoraMadeira, o diretor do Centro das Comunidades Madeirenses Gonçalo Nuno Santos avisa aos madeirenses para terem cuidado com as propostas de trabalho vistas na internet sem quaisquer garantias.

– O desemprego tem alterado muito o fenónemo da emigração?

– Temos dito às pessoas para que não vão atrás de contratos que vêm na internet sem que antes consultem o Centro das Comunidades Madeirenses. As pessoas não são obrigadas a vir cá, mas temos apelado nas escolas e nas universidades para que a aventura da emigração seja acautelada de forma a que não seja duplamente penalizadora. Temos também feito simulações de quanto se vai ganhar, por exemplo, para o Reino Unido, de quanto é preciso gastar, mas as pessoas são livres de optar.

Tem havido mais pessoas a recorrerem ao Centro das Comunidades Madeirenses nos últimos anos?

– O número de pedidos de informação tem aumentado de ano para ano em cerca de 10 por cento. Mas estes pedidos não significam a saída de pessoas mas sim que estas se interessam em se informar mais.

– Quais são os destinos que os madeirenses mais têm procurado nos últimos tempos?

– Para além do Reino Unido, há muitas pessoas a irem para os países da CPLP, como por exemplo Angola, mas são pessoas ligadas à construção civil, ao ensino, à medicina e à enfermagem.

– O fecho dos consulados portugueses um pouco por todo o Mundo continua a acontecer com frequência?

– A reestruturação da carreira consular portuguesa foi feita pelo último governo socialista e continuou, de forma mais ligeira, com o governo seguinte social-democrata. Quando houve o encerramento de consulados no Mundo, tentamos assegurar o de Durban, que passou de um consulado de carreira para consulado honorário mas com capacidade de emissão de passaportes, e conseguimos manter New Bedford e Providence. Temos tido uma grande cooperação com o consulado de Londres, que é o que nos dá grande trabalho. Aquando da restruturação fizemos ver ao Governo da República as grandes preocupações que tínhamos e conseguimos resolver parte delas.

As grandes dificuldades financeiras que o país vive também não ajudam em relação ao fecho de consulados…

– Sem dúvida, mas há que louvar o empenho de quem trabalha nos consulados. Em Londres, por exemplo, há 200 mil portugueses, sendo que todos anos entram em Inglaterra 30 mil novos portugueses, por isso imagino como é difícil o trabalho da meia dúzia de pessoas que trabalha no consulado.