Pedro Calado foi recentemente reeleito para mais quatro anos há frente da Associação Madeirense de Automobilismo e Karting (AMAK). Numa entrevista ao AgoraMadeira o dirigente revelou que este ano o organismo vai poder apoiar as organizações dos clubes mas confessou estar muito preocupado com o ano de 2015.
Quais são os objetivos para mais um mandato à frente da Associação Madeirense de Automobilismo e Karting?
A ideia é dar continuidade ao que já foi feito. O primeiro mandato foi muito importante porque tivemos de criar uma estrutura que não existia na Região. Não havia nenhuma entidade representativa de todos os pilotos e de todos os clubes ao nível automóvel. Havia essa carência. O automobilismo é a modalidade que tem maior número de adeptos na Madeira e aquela cujos intervenientes não têm qualquer tipo de apoio. Nós fizemos a primeira candidatura no segundo ano de mandato, em 2013, e conseguimos esse apoio que foi recebido no final de 2014. Entretanto, já fizemos a segunda candidatura ao programa de apoio do Governo Regional e penso que as coisas estão bem encaminhadas. Posso dizer que no ano de 2015 vamos conseguir voltar a apoiar financeiramente os pilotos. Será uma verba idêntica à anterior mas a diferença é que estamos em condições de começar a apoiar as organizações dos clubes. Serão pequenas coisas mas são verbas que representam muito dinheiro para cada um dos clubes. Esse apoio vai acontecer pela primeira vez este ano.
Ao longo do primeiro mandato, foi muito o trabalho feito junto da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting?
Sem dúvida. Fizemos um trabalho muito grande junto da FPAK para que se conseguisse adaptar na Madeira a regulamentação às nossas especificidades. Nós fomos pioneiros na Região ao alargamento do campeonato a todo o tipo de viaturas, o que agora se faz no continente. Hoje, todos os clubes que organizam provas do campeonato da Madeira estão representados na AMAK e os pilotos têm tido uma adesão muito grande ao nosso programa. Creio que vamos para um segundo mandato com a casa arrumada. Só precisamos de maior adesão dos pilotos.
Quais são os maiores desafios que se deparam ao automobilismo regional nesta conjuntura financeira complicada?
O desporto automóvel não é um desporto barato. É caro. Toda a gente gosta de chegar em primeiro mas para isso é preciso ter mestria mas também um bom carro com boas qualificações, uma boa assistência e isso custa dinheiro. Custa dinheiro manter e adquirir….e hoje em dia os patrocinadores também estão com muitas dificuldades. Estamos num momento de recessão económica mas se no campeonato nacional teremos carros muito bons, na Madeira eu temo que o ano 2015 seja o bater no fundo. A verdadeira dificuldade será sentida este ano e o nosso objetivo é fazer com que essa dificuldade seja esbatida nos apoios que vamos tentar arranjar para apoiar os pilotos e minimizar os custos de participação nos eventos. Por exemplo, toda a gente se preocupa com a segurança mas isso também representa um custo acrescido para os pilotos. Um hans, um fato especial homologado à prova de fogo e um capacete custam em média 1000/1200 euros o que num orçamento de um piloto que costuma fazer um campeonato a meio da tabela representa muitas vezes um terço do orçamento para todo o campeonato.
Bater no fundo é um termo forte. Que indicações tem nesse sentido?
Os problemas que vemos ao nível nacional geralmente têm cerca de um ano e meio/dois anos de decalage até chegar à Região. Enquanto que no continente essas dificuldades foram muito sentidas no ano passado e há dois anos em termos de campeonato nacional, aqui na Madeira isso não se sentiu mas estou convencido que em 2015 isso vai acontecer. Vai haver muita dificuldade para as equipas em pôr os seus projetos na estrada, em terem carros competitivos, carros que consigam aguentar uma época inteira sempre a um determinado ritmo. O Rali Vinho Madeira, por exemplo, é muito longo e duro em termos de mecânica e se calhar vamos ter muitas equipas sem terem a capacidade de prepararem as viaturas a tempo e a horas para fazerem uma representação digna, daí que tenha muito receio no ano de 2015.
O EFEITO NEGATIVO DA MUDANÇA DE GOVERNO
A mudança de Governo também não ajuda na questão da atribuição dos apoios…
Nem mais. O ano de 2015 é um ano atípico na Madeira. Em Março vamos ter eleições para o Governo Regional, o atual executivo está em gestão corrente e por isso não pode tomar decisões. O próximo Governo que tome posse em fins de Abril/Maio poderá apresentar um Orçamento Retificativo mas só no final do terceiro trimestre é que haverá um início de desenvolvimento económico, o que vai ter efeitos nas empresas que poderão não investir tanto. Se as empresas se retraem vão conceder menos apoios a esta atividade desportiva e isso vai fazer com que os pilotos também não tenham tantas possibilidades, por isso teremos um ano difícil e de alguma contração.
E a primeira prova é já no próximo fim de semana, a Rampa da Ponta do Sol.
Sim. A ver vamos pelo número de participantes que esta primeira prova vai ter e vamos compará-los com o número de inscritos do ano passado. A ver vamos se isso vai acontecer ou não.