Depois do cancelamento do treino de domingo, o plantel do Marítimo chegou a Santo António na segunda-feira de manhã e, antes da sessão, Leonel Pontes dirigiu-se aos jogadores de semblante carregado e comunicou a saída do clube. “Acredito que havia qualidade para fazer muito melhor mas as coisas não resultaram como o pretendido. Vou sair do Marítimo, saio pelo meu próprio pé e assumo as minhas responsabilidades”, terá dito o ex-adjunto de Paulo Bento na seleção nacional, soube o AgoraMadeira.
Pontes disse também que a decisão de sair já teria sido tomada antes do jogo com o Vitória de Guimarães, independentemente do resultado, dando claramente a entender que a saída abrupta do adjunto Pedro Iharco na semana passada poderia estar relacionada com esta tomada de posição, apesar de oficialmente terem sido invocadas razões pessoais.
No balneário, o presidente do Marítimo foi bem mais duro e incisivo: “A culpa é vossa! Vocês é que provocaram esta situação e nunca esperava que isto acontecesse!”, terá afirmado Carlos Pereira no balneário.
Contudo, e voltando ao adjunto Pedro Ilharco, tudo aponta, segundo os dados recolhidos, para que este tenha mesmo sido demitido pela administração do Marítimo, provocando enorme mal-estar junto de Leonel Pontes. A demissão do treinador principal só não terá acontecido antes do jogo com o Vitória de Guimarães “por uma questão de responsabilidade de quem tinha um jogo no dia seguinte”, disse-nos uma fonte próxima do processo.
Foram então criadas várias condições adversas para, de certa forma, despoletar a demissão da parte do próprio treinador, tendo em conta que em caso de saída por iniciativa da direção, esta teria de indemnizar o técnico até ao final do contrato, ou seja, até ao fim da próxima época, o que representaria ainda um custo considerável.
AS EXIGÊNCIAS DE PONTES NO INÍCIO DE ÉPOCA
Quando chegou ao Marítimo proveniente de realidades bem distintas do que aquelas que viria encontrar – primeiro o Sporting e depois a seleção nacional -, Leonel Pontes terá feito alguns reparos em relação às instalações do Marítimo e até algumas exigências que não terão caído bem junto da administração verde-rubra, daí que a relação entre presidente e treinador há muito tempo que seria estritamente profissional, nunca tendo havido grande cumplicidade entre ambos.
A falta de experiência enquanto treinador principal e os sucessivos maus resultados que afastaram praticamente as possibilidades de a equipa conseguir lutar pelo apuramento para um lugar de acesso à Liga Europa ditaram o desfecho que esteve, aliás, muito perto de acontecer em Dezembro.
“Defensivamente a equipa estava melhor, mas faltava o resto. Atacar, criar situações de desequilíbrio, marcar golos. O Leonel Pontes não tinha ideias muito definidas. Vinha explorar algumas possibilidades e mudava muito. Não se criou uma identidade e faltou coerência em algumas decisões”, garantiram-nos internamente do clube.