É no mar que Tomás Lacerda se sente bem. De preferência, claro, em cima de uma prancha de surf. Uma paixão que começou bem cedo.
“Sempre gostei de desportos ligados ao mar. Com dois anos vi pela primeira vez uma prancha de surf, era do meu pai, uma hotbutter. Nas férias de Verão vou habitualmente ao Porto Santo e numa dessas férias levei a prancha comigo. Foi o meu primeiro contacto com o surf. A partir dessa data nunca mais fui de férias sem levar a prancha para surfar”, conta ao AgoraMadeira o surfista do Clube Naval do Funchal.
Do primeiro contacto até começar a treinar mais a sério nem foi preciso muito tempo. “Com seis anos já apanhava algumas ondas com ajuda do meu pai e com oito fui com o meu pai de férias ao continente e ele levou-me à praia de São Pedro do Estoril e Carcavelos onde fazia surf na sua juventude. Nessa viagem, tive a primeira aula com um professor e ao regressar à Madeira pedi à minha mãe para me inscrever num clube onde pudesse ter aulas e assim entrei para o Clube Naval do Funchal”, explica.
A partir daí começou a “doer”. Treinos com frequência, quer com o treinador André Gato Rodrigues quer com o pai Pedro Lacerda. Há um ano, a frequência de treinos aumentou ainda mais, até porque os resultados têm sido muito motivantes.
QUATRO TÍTULOS REGIONAIS NA BAGAGEM
Tomás Lacerda, que aponta como melhor resultado no surf o 3º lugar no Rip Curl Grom Search, em 2014, na categoria de sub-12, tem vindo a ser um dos principais jovens surfistas no campeonato regional. Senão vejamos: com apenas 12 anos tem três títulos de campeão regional, em sub-12, e outro em sub-14. Foi ainda vice-campeão regional de sub-18 por duas vezes, sendo que ao nível nacional foi nono classificado no ranking dos sub-12 do ano passado. Para 2015 a ambição passa por se sagrar novamente campeão regional em sub-14 e também em sub-18 , tentando agora ficar no top cinco nacional em sub-14.
Tomás Lacerda não tem dúvidas que o surf regional está a crescer. “O surf aqui na Madeira tem uma nova geração de surfistas da qual eu faço parte juntamente com os meus colegas de equipa. Estamos a apostar mais nos campeonatos cada vez mais lá fora para tornar o nosso sonho realidade”, conta, reconhecendo que é no continente onde pretende dar mais nas vistas.
“Destacar-me lá fora é importante para os patrocinadores e para as marcas. Há cada vez mais pessoas patrocinadas em todo o Mundo e isso deve-se ao facto de as marcas estarem a crescer cada vez mais”, explica o jovem surfista.
SEM QUALQUER APOIO DO GOVERNO REGIONAL
Para as deslocações às provas nacionais, o Clube Naval do Funchal tem ajudado nas instalações e no combustível, mas todas as viagens têm sido suportadas pela família. “Não temos qualquer tipo de apoio do Governo. Em 2013/2014 ninguém me apoiou mas para esta época estamos a contar ter algum tipo de ajuda nas deslocações”, deseja.
Confrontado sobre as zonas preferidas para surfar na Madeira, Tomás não tem dúvidas: “Gosto de surfar na Ponta Pequena, na Fajã da Areia em São Vicente e na Ribeira de Machico”, salienta, deixando uma garantia em relação ao Jardim do Mar.
“A onda no Jardim do Mar continua apesar da promenade. Funciona com a maré vazia. Já no Paúl a onda é linda, um paraíso. Mas a Madeira não é o Havai da Europa. Gosto muito mais do continente para surfar porque se não estiver bom numa praia vamos à outra logo ao lado. Aqui não é bem assim”, assume, traçando a grande meta que gostava de atingir na modalidade.
“O meu sonho é representar Portugal e a Madeira num Campeonato do Mundo de Surf!”, atira, ambicioso, em jeito de conclusão.