Em alguns momentos, e para alguns profissionais da educação, os meios tecnológicos competem hoje com o professor tradicional enquanto elemento primordial do processo de ensino-aprendizagem.
Contrariando esta tendência, considero que a figura do professor é determinante para a consolidação de um modelo ideal de educação, ainda que a internet tenha trazido um acesso quase ilimitado ao conhecimento existente e à informação, podendo os alunos ter acesso ao conhecimento sem a presença orientadora do professor.
Por tudo isto, é fundamental que o professor se adapte aos tempos modernos e não se limite a ser um replicador passivo de conhecimento, assente num livro, num powerpoint ou numa fotocópia, pois, se assim for, continuaremos a assistir à decadência não só da escola como da ideia de sociedade humanista tal qual a conhecemos.
O professor, enquanto elemento ativo do conhecimento, terá indubitavelmente de partilhar esse papel não só com a família e os amigos, mas também com os mass media e, em particular, com a internet. O papel primordial do professor está hoje na sua capacidade de incutir no aluno algo tão extraordinário como a curiosidade pelo saber e a saber alimentá-la.
Sendo assim, terá também a escola de se readaptar como o tem feito ao longo dos últimos dois mil e quinhentos anos, virando o foco do conhecimento empírico para o sustento de uma curiosidade incessante.
Cada criança deve poder trilhar o seu próprio caminho e o professor é aquele que continuamente deve alimentar a sua curiosidade e a escola deve permanentemente abrir portas e janelas de oportunidade a todos os jovens, pois não deve perder o seu sentido de equidade e de efetividade social que transporta desde a implantação da democracia.
Podemos então questionar: por que razão é necessário o professor, quando já não é, garantidamente, o alfa e o ómega do saber e do conhecimento? Ele pode e deve ser por excelência o mediador dos saberes, o treinador, o filtro e o potenciador do(s) conhecimento(s), da cidadania da excelência, numa sociedade de verdades cientificamente comprovadas que são, por vezes, duma verdade tão duvidosa? Estaremos enquanto sociedade a criar jovens sem sentido crítico, replicadores de verdades de alguém ou jovens verdadeiros agentes do conhecimento, que não admitem asserções sem legitimidade?
É comummente aceite que os jovens não devem perder o seu sentido crítico? Será que a sociedade está aberta a ser escrutinada por esta nova geração?