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Realizou-se esta quinta-feira, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Santa Cruz, a conferência de imprensa de apresentação da 3ª Conferência do Movimento Associativo/Desportivo da RAM, que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, Filipe Sousa e do Diretor Regional de Juventude e Desporto David Gomes. Em representação do Canicense estiveram presentes o presidente da direção, Maurílio Caires e o docente Luís Gaspar.

Sob a organização do clube do Caniço, este evento terá lugar no próximo dia 3 de Junho de 2015, no Hotel Vila Galé-Santa Cruz, tendo início às 9.30 horas. A sessão de abertura contará com a presença do secretário regional de Educação Jorge Carvalho e do presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz Filipe Sousa.

Os painéis da conferência vão abordar os seguintes temas: Política Desportiva Regional e Desporto Autárquico; Eventos e Promoção Turística Desportiva; Gestão e Rentabilização de Recursos Humanos; Desafios do Clube do Futuro; Gestão por Objetivos e Treino Mental.

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Adelino Pimenta / Subintendente do Comando Regional da Polícia Segurança Pública

Todos nós estávamos habituados a ver os velocipedistas como condutores de menor importância, menos formados em termos de conhecimentos rodoviários e, por isso, menos respeitadores das regras de circulação na via pública.

Na verdade, os seus conhecimentos teóricos e práticos nunca foram tão exigentes e aprofundados, comparativamente com o processo de habilitação legal para a condução dos restantes veículos. Basicamente, a prova de conhecimentos teóricos para o velocipedista resumia-se a dar respostas a um pequeno questionário escrito, feito na Câmara Municipal da área da sua residência.

Bastava que o candidato soubesse uma regra genérica, muito simples: perdia a prioridade, a favor dos outros veículos, em todos os cruzamentos e entroncamentos, desde que não existisse outra sinalização a contradizer. E só ganhava prioridade em dois casos: quando circulava dentro de uma rotunda, em que ganhava a prioridade sobre os veículos que iam aceder à mesma; quando circulava numa via e tinha prioridade sobre os veículos oriundos de um caminho ou acesso particular a essa via.

Mesmo em termos de documentação, para pôr uma bicicleta em circulação, bastava a apresentação do documento da compra na Câmara Municipal, para lhe ser emitido um livrete de circulação e a respetiva matrícula.

Ao contrário dos outros veículos, nunca foi obrigatório um seguro para poder circular na via pública, situação que se mantém até aos dias de hoje.

CRIADAS FACILIDADES NA COMPRA E CONDUÇÃO

Tratando-se de um veículo muito mais amigo do ambiente, que ocupa menos espaço, não emite gases poluentes nem ruídos, a sua aquisição foi encorajada, através de novas facilidades legislativas e que já vigoram há vários anos. Assim, cessou a obrigatoriedade de registo e matrícula, e o condutor ficou isento da habilitação legal para a sua condução, a exemplo do que acontece em muitos outros países europeus.

Como resultado, assistiu-se, nos últimos anos, a uma maior procura de bicicletas, especialmente destinadas a atividades lúdico-desportivas. Não está ainda enraizado nos hábitos portugueses o uso da bicicleta para as lides diárias, como acontece noutras paragens. Na Madeira, por razões do acidentado do terreno, onde existem inúmeras subidas e descidas muito acentuadas, as dificuldades de deslocação são acrescidas, sendo muito raros os casos de uso deste veículo como meio de transporte diário.

Numa tentativa de contrariar esta tendência, uma empresa de transportes coletivos de passageiros madeirense procedeu à aquisição de equipamentos próprios para o transporte de bicicletas nos seus veículos, mas o seu uso foi perfeitamente insignificante ou mesmo quase nulo.

REGRAS IGUAIS PARA TODOS

Com entrada em vigor em Janeiro de 2014, a 13ª alteração ao Código da Estrada trouxe novas regras de circulação para as bicicletas, impondo regras para ciclistas e automobilistas e novas formas de relacionamento entre estes na via pública. Era uma reivindicação muito antiga dos amantes das bicicletas, que passaram a ter direitos iguais em termos de prioridades nos cruzamentos e entroncamentos, entre outras benesses. A mudança veio impor regras de cumprimento obrigatório para ambas as partes.

Para os ciclistas:
Podem circular junto das bermas das vias, mas sem criarem perigo para os peões;
Até aos dez anos de idade podem circular sobre os passeios, sem causarem perigo para os peões;
Podem circular a par, até ao máximo de duas bicicletas, exceto em locais de má visibilidade ou com muito trânsito;
Só podem transportar o condutor, exceto em bicicletas com mais de um assento ou mais de um par de pedais ou que possuam equipamento para transporte de crianças;
Nas rotundas, podem circular na fila de trânsito da direita, mas cedendo a passagem aos veículos que pretenderem sair das filas de trânsito mais ao centro;
Quando se apresentem pela direita, nos cruzamentos e entroncamentos, ganham prioridade sobre os outros veículos, exceto se existir sinalização contrária.

Para os automobilistas:
Devem manter uma distância lateral de 1,5 metros quando ultrapassarem um ciclista;
Devem ceder as passagens aos ciclistas nas zonas assinaladas;
Mesmo com o sinal verde, devem ceder a passagem aos peões e ciclistas que já tenham iniciado a travessia da rua;
Nos cruzamentos e entroncamentos, devem ceder a prioridade aos velocipedistas que se apresentem pela direita, exceto se existir sinalização contrária.

“Quem não conhece as regras do jogo fique fora.” (Manúcio)

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Luís Filipe Malheiro / Jornalista

James Curran é professor na “University of London” e em declarações recentes em Lisboa, deu como exemplo a rádio e a televisão para defender que a intervenção estatal traz benefícios quando surge uma nova tecnologia, sustentando que o público tem o direito a conhecer conflitos de interesse relacionados com os donos dos meios de comunicação.

“No Reino Unido, nos últimos anos, tem havido uma redução de jornalistas empregados, de forma semelhante ao que acontece nos EUA. A consequência disso é que a imprensa está mais dependente das relações públicas e do jornalismo do corta e cola. A Internet devia facilitar o acesso a fontes de informação diversificada, mas, na prática, a pressão para os jornalistas produzirem mais, e com menos pessoas, aumenta a dependência de fontes já conhecidas. A qualidade do jornalismo está a reduzir-se em consequência do desvio da publicidade para sites, o que inclui sites que não são jornalismo”, disse Curran na sua recente passagem por Lisboa.

Segundo este professor universitário, “o que não se concretizou foi a esperança de que os “cidadãos jornalistas” iriam conseguir uma horda de leitores com a internet. Os maiores sites na Grã-Bretanha são todos controlados por instituições de meios de comunicação social. E encontramos o mesmo padrão noutros países”.

Interrogado sobre se é possível perspectiva que partidos políticos e grandes empresas possam chegar diretamente ao público, dispensando os jornalistas, James Curran lembra que as “instituições estabelecidas, os jornais e as televisões, dominam o consumo de notícias na Internet. Num estudo que fizemos em dez países, verificámos que as fontes de informação usadas por sites eram muito similares às usadas por jornais e televisões. O Estado era a mais usada. A oposição política também era muito importante. As organizações da sociedade civil eram muito pouco importantes”.

Curran lembrou que os partidos estão em crise, pelo que “a ideia de que vão chegar a grandes audiências por meios (e métodos) próprios, contraria os factos. As filiações partidárias estão em queda, o número de pessoas a votar também”. O docente falou em Lisboa de “um processo de declínio progressivo em que menos jornalistas produziriam pior jornalismo e abarcavam menos dimensões [da sociedade]. Muitos jornais fechariam e haveria uma maior concentração empresarial de jornais. Acho que alguns poderiam sobreviver através de financiamento vindo de pessoas ricas”

Neste contexto, interrogado sobre se o Estado deve intervir no sector, o professor universitário e director do “Goldsmith Media Research Centre” de Londres, afirmou: “Depende do que vier a acontecer. Se o Estado não intervier, o financiamento pode acabar por vir de oligarcas ou de grandes empresas, funcionando [os jornais] como um departamento de relações públicas. Pensemos no serviço público de rádio e televisão. Na Grã Bretanha, houve uma luta terrível sobre se a BBC deveria poder dar notícias, porque os jornais diziam que era concorrência desleal (…) Há uma estranha noção de que uma subsidiação privada permite independência, enquanto uma subsidiação pública não. É simplista. Subsídios públicos podem reduzir a dependência de oligarcas”.

Numa abordagem às “prioridades” do jornalismo, a braços com uma crise de credibilidade, James Curran admite que Portugal poderá confrontar-se com um “forte debate político na sociedade civil o que influencia o jornalismo. A tendência na Grã-Bretanha tem sido para dar mais atenção ao jornalismo de celebridades e ao entretenimento. As pessoas leem avidamente histórias sobre as vidas de figuras públicas, mas isso não travou a queda livre da circulação. A resposta para a crise económica [dos media] não tem sido mais esse jornalismo independente e de investigação. Tem sido mais fofocas”.

Segundo o diretor do “Goldsmith Media Research Centre”, “a transparência é desejável. O público deve saber se existem conflitos de interesse. Mas a transparência não é suficiente. Deve haver diretores de jornais independentes, alguns deles selecionados pela redação. É a melhor garantia. Quando se é dono de um jornal, tem-se um cartão-de-visita para qualquer área da sociedade, tem-se influência que não se teria de outra forma”.

Pretendi com este texto dar a conhecer a opinião de quem é reconhecidamente um especialista de comunicação e um profundo conhecedor do mundo dos meios de comunicação social, capaz por isso de fazer uma abordagem séria, distanciada, livre de preconceitos ou de pressões – livre também de sabedorias adquiridas não se sabe onde e que demonstram quão é fácil na política abordar o tema sempre aliciante da comunicação social, mesmo quando declaradamente não percebem patavina do assunto.

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A Cáritas Diocesana do Funchal realizou recentemente mais uma Campanha Saco, que decorreu nos últimos dias 9 e 10 deste mês em todas as lojas Pingo Doce da Madeira e Porto Santo, na qual foram recolhidos 21.592 quilos, valor que apesar de alto foi inferior ao do ano passado em cerca de 900 quilos.

Segundo Cristina Barbeito, da Cáritas, falta ainda apurar os resultados da Campanha Vale, tendo em conta que a mesma continua a decorrer em todas as lojas Pingo Doce, até o próximo domingo, dia 17 de Maio.

“Quero desde já agradecer a todos os que deram o seu contributo nesta Campanha, desde a população em geral, bem como, a todos os voluntários e patrocinadores”, sublinhou a responsável.

 

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Francisco Fernandes / Ex-secretário da Educação e da Cultura

A condição humana que nos une e as marcas civilizacionais que o tempo vai acrescentando em cada geração, passam pelo reconhecimento dos feitos e dos méritos dos que nos antecederam, e que hoje são algo do que somos enquanto cidadãos, seja em que áreas tenham sido, parte da nossa memória coletiva e da nossa matriz social.

A atenção que vimos dedicando à coisa desportiva e aos seus agentes é parte integrante deste princípio, ou não fosse o desportista, e em particular o atleta olímpico, o arquétipo do que de melhor a condição humana pode construir no caminho da perfeição, aquele que vai mais longe, mais forte e mais rápido, na senda da conjugação perfeita entre corpo e mente, quaisquer que sejam as particularidades que essa condição apresente, na construção da linguagem universal que apenas o Desporto atinge.

Daí que celebrar o olimpismo e os princípios que Coubertin idealizou, é um propósito que não prescinde de lembrar aqueles que, pela sua prática, atitudes, entrega, superação e fair-play, melhor os interpretaram.
Por maioria de razão, a conjugação da nossa dimensão insular com o cosmopolitismo da nossa vivência, encontra no desporto e na superior prática olímpica, uma bandeira que só o conhecimento dos factos e a dimensão histórica dos seus intérpretes, permitem concretizar.

Falar do olimpismo de há um século e da prática desportiva que conduzia às representações olímpicas de então, é penetrar num mundo de contornos muito diversos daqueles com que hoje nos relacionamos, mas determinante para percebermos o presente, e projetarmos o futuro.

Vem este introito a propósito da já tardia referência e merecida valorização que é devida ao primeiro olímpico madeirense, Sebastião Herédia, sobre o qual ainda pouco se escreveu e, ainda menos, se divulgou.
Em boa verdade, Sebastião Herédia não nasceu na Madeira, embora a sua família estivesse radicada na ilha desde o século XVII (o primeiro deste apelido que se estabeleceu na Madeira foi António Herédia (c.1560-1624) o qual, em 1602, é aqui colocado para dirigir a guarnição espanhola instalada na fortaleza de São Lourenço, ao tempo do domínio Filipino). Filho de Francisco Correia Herédia, Visconde da Ribeira Brava, e de Joana de Macedo, Sebastião Herédia nasceu, circunstancialmente, no Porto, em 1876, e faleceu em Lisboa em 1958. Porém, viveu na Madeira, tendo sido, inclusive, seu governador civil, e aqui fez parte da sua prática e formação desportiva.

A ascendência direta revela uma ligação muito estreita às práticas desportivas de que seu pai, o visconde da Ribeira Brava, foi exímio intérprete, desportista de referência na esgrima, no tiro e em várias outras disciplinas desportivas.

A história da participação olímpica de Sebastião Herédia está recheada de episódios mais ou menos rocambolescos e alguns equívocos em que a literatura atinente tem incorrido, só possíveis no contexto desportivo e social da época, e os quais importa clarificar.

Encontram-se referências à possibilidade da participação olímpica de Sebastião Herédia desde Paris-1896, precisamente a primeira edição do J.O., o que, a concretizar-se, teria sido um marco extraordinário para o desporto português.

A literatura disponível permite localizar diversos registos quanto a uma eventual tentativa de participação de Sebastião Herédia, na modalidade de Ciclismo, na 1.ª edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, como algo que foi falado, mas não concretizado. As referências feitas a essa possibilidade apresentam-se vagas e insuficientemente comprovadas, sem deixar de reconhecer, no entanto, de que se trata de algo plausível. A Associação de Atletas Olímpicos de Portugal, na sua publicação Olímpicos de Portugal (1912-2008), no espaço dedicado a Sebastião de Freitas Branco Herédia (p. 256), embora incorrendo na confusão dos perfis desportivos de Sebastião Herédia (pai) e Sebastião Herédia (filho), recorda: “Com o ciclismo dando os primeiros passos, tornou-se [Sebastião Herédia] uma das suas principais estrelas nas corridas de Paris.

Venceu algumas delas e o seu nome chegou a ser dado para representar a França na primeira edição dos Jogos Olímpicos, em Atenas-1986, mas ele era… português”. Já Serpa, H. (História do Desporto em Portugal – Do século XIX à Primeira Guerra Mundial. Lisboa: Instituto Piaget, p. 139, 2007) ao descrever a impossibilidade (por ser profissional) de participação olímpica do ciclista Bento Pessoa, em 1896, recorda: “Quem chegou a ser falado como candidato aos Jogos foi Sebastião Herédia, adversário de Bento Pessoa nas provas caseiras. Mas esta candidatura não terá passado de uma ideia sem praticabilidade”.

É necessário recuar ao final do século XIX a um momento em que ainda não havia sido criada a União Velocipédica Portuguesa. Por esse facto os ciclistas portugueses que pretendiam praticar a modalidade a nível internacional tiveram que se inscrever na União Velocipédica Espanhola, com a anuência ou por imposição da UVI. Foi o caso de Sebastião Herédia e outros, como refere Barroso (2001).

Por sua vez, Santos (2012), colaborador do Jornal Horizonte, e considerado um dos maiores conhecedores da história do ciclismo português, referindo-se a Sebastião Herédia, afirma: “Também Sebastião Herédia conseguiu a proeza de, em 23 corridas que fez em Paris, ganhou vinte primeiros lugares, colocando a União Velocipédica Espanhola, onde estava inscrito por falta de uma congénere portuguesa e por determinação superior da União Velocipédica Internacional, em destacado plano na prática do ciclismo de competição”.

D. Sebastião Herédia (1890?).
Fonte: UVP-FPC, 100 anos (1999).

Ora, sendo Sebastião Herédia, apesar de Português, ciclista inscrito na UVE, e nessa qualidade tendo participado e dado nas vistas nas corridas disputadas e ganhas em Paris, é natural que ambicionasse uma participação em Atenas-1896. Acontece que Espanha não participou nos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna. Não nos custa, portanto, admitir que Sebastião Herédia se tivesse predisposto a integrar a seleção francesa, o que seria impossível de concretizar por ser português. Gorou-se, desta forma, a possibilidade de um atleta português ter participado na primeira edição dos Jogos Olímpicos.

Paris-1900 acolhe a segunda edição dos J.O., ocorrendo em simultâneo com a Exposição Universal Paris-1900, coincidência que Valarinho (1993), assim descreve: “1900 foi também o ano dos segundos Jogos Olímpicos os quais foram englobados na gigantesca Exposição Universal de Paris. Assim, o patrocínio do Comité Internacional Olímpico quase nem chegou a ser notado, de tal forma que grande parte dos concorrentes às várias competições desportivas não tinham consciência de que era nos Jogos Olímpicos que estavam a tomar parte.

Foi certamente o caso de Sebastião Herédia e de António Martins que, ao inscreverem-se no Torneio Internacional de Espada de Paris, desconheciam, como a nossa imprensa também desconhecia, que esse torneio fazia parte das competições de esgrima dos Jogos Olímpicos. Herédia, cuja aprendizagem decorreu nas salas de armas parisienses inscreveu-se na prova para amadores tendo sido colocado numa ‘poule’ em que se encontravam Renault, Philibert, Onesti, Subercaseaux, Peberay, e o grande campeão cubano Ramon Fonst que tinha então apenas dezasseis anos e que viria a ser o vencedor. Martins, inscrito na competição destinada a professores teria como adversários na sua ‘poule’ Bézy, Gracviche, Samiac, Chauderlot e Pernot.

Segundo os jornais da época ‘foi pena que nem um nem outro dos portugueses tivessem comparecido’. António Martins, como profissional, não viria a ter outra oportunidade e Sebastião Herédia teria de esperar nada menos que vinte e oito anos para estar presente nuns Jogos Olímpicos”. Portanto, e uma vez mais, Sebastião Herédia viu frustrar-se uma nova oportunidade de participação olímpica, desta feita por mero desconhecimento em relação aos moldes da competição.

Em relação à participação de Portugal em Londres-1912, a mesma esteve sempre rodeada de incertezas, de uma forma geral relacionadas com os recursos financeiros disponíveis, circunstâncias assim abordadas por Cardoso (1993): “O comité tratou de dar corpo às funções que lhe estavam atribuídas. Diligenciar para que uma delegação portuguesa se inscrevesse nos Jogos, fazer essa mesma selecção e angariar o dinheiro para a deslocação. Com base no desempenho nos Jogos Olímpicos Nacionais, foram escolhidos dez atletas. A 26 de junho de 1912, a bordo do vapor ‘Astúrias’ da Mala Real Inglesa, que larga de Lisboa com destino a Southampton, vão as esperanças nacionais ou, talvez melhor, lisboetas, de um desempenho condigno nessa quimera que representavam os Jogos Olímpicos. Mas dos dez iniciais, quatro ficaram-se realmente pelos sonhos.

A sorte foi-lhes madrasta quando já tinham tudo preparado para a viagem. O dinheiro, o último ‘se’, não havia maneira de aparecer. O Governo Civil de Lisboa declarara alto e bom som: “se quiserem ir arranjem dinheiro”. Já em jeito de desespero, foi organizado um sarau desportivo no Coliseu para a noite de 22 de Junho (quatro dias antes do embarque!). Para desventura de César de Melo (luta), D. Sebastião Herédia (esgrima), Matias de Carvalho (1500 m e maratona) e Correia Leal (400 m), o pessoal dos elétricos entrou em greve e o Coliseu ficou quase vazio… Não fora, para lá de donativos particulares, a ajuda da família Pinto Basto – que forneceu as passagens – e ainda verbas obtidas em agremiações desportivas e ninguém teria ido.

A 26 lá partiram Fernando Correia (espada), chefe de delegação, António Stromp (100 e 200 m), Armando Cortesão (400 e 800 metros), Francisco Lázaro (maratona), Armando Pereira e Joaquim Vital (luta)”. E, assim, pela terceira vez, Sebastião Herédia perde a possibilidade de estar nos J.O.

Após um interregno de muitos anos, chegamos a Amsterdão-1928. Não obstante o pessimismo reinante em Lisboa, em 1928, quanto à possibilidade de participação de uma equipa de esgrima, o que fica bem evidente nos relatos de imprensa da época, em grande parte devido a ocorrências e rivalidades entre as várias ‘salas’, ocorridas durante os apuramentos, acaba por ser constituída uma equipa olímpica: Jorge Paiva e Mário Noronha (sala Carlos Gonçalves), Frederico Paredes, Henrique da Silveira, João Sasseti e Sebastião Herédia (do Centro Nacional de Esgrima).

É então que ocorre um ato de notável desportivismo de Sebastião Herédia, nesta que era a sua quarta tentativa de participar numa edição dos Jogos Olímpicos, assim relatado por José Valarinho: “Muito desportivamente, Herédia, que é o mais velho dos selecionados [na altura tinha já 52 anos], achando que a presença de Eça Leal reforçaria consideravelmente a equipa, põe o seu lugar à disposição do atirador que se encontra na Argentina. A oferta é aceite pelo Comité Olímpico que, em compensação, nomeia Sebastião Herédia chefe de equipa e inscreve-o na competição individual de Florete.

Com a representação em Florete dada a Sebastião Herédia, Paulo d’Eça Leal integra a equipa de esgrima. Embora não possamos ser perentórios numa conclusão de causa/efeito a partir da atitude de Sebastião Herédia, há que recordar que esta equipa de esgrima conquistou a medalha de bronze e que foi, precisamente, Paulo d’Eça Leal que deu a um atirador belga o toque que permitiu a Portugal a conquista do terceiro lugar e respetiva medalha de bronze olímpica.

Na sua análise a esta participação, Valarinho (1993) prossegue: “Desta forma Sebastião Herédia faz, juntamente com seu filho que concorre em Pentatlo Moderno, a sua estreia nos Jogos Olímpicos, naquela que foi a primeira e única vez na história das representações olímpicas portuguesas em que pai e filho participaram nos mesmos Jogos”.

Quanto à participação propriamente dita, relata O Século: Dos nossos atiradores presentes em Amsterdão é Sebastião Herédia o primeiro a entrar em ação. Tem já cinquenta e dois anos e vai jogar florete, quando todo o seu treino tinha sido orientado para a espada. Não pode, por isso, ter grandes ambições. A sua ‘poule’ é de oito atiradores dos quais passam à fase seguinte apenas três. Tendo conseguido somente três vitórias, o nosso representante classifica-se em quinto lugar e já não vai mais além”.

O enviado de O Século acha, contudo, que: “ (…) êle foi arredado quando devia ter apenas dois homens que lhe eram superiores, o vencedor da ‘poule’ que foi o italiano Pignotti, e o belga Pecher. No entanto, a tremenda influência de um julgamento caprichoso dispôs a sua eliminação. E mais de um assalto foi vítima dos juízes”. No mesmo sentido relata o Diário de Lisboa: “Sebastião Herédia (pai) classificou-se em 4.º lugar na esgrima, fazendo bons assaltos, mas, segundo a opinião dos técnicos, foi prejudicado na decisão do júri”.

Em entrevista concedida ao Diário de Lisboa, o Mestre de Esgrima Veiga Ventura refere-se nestes termos à prestação de Sebastião Herédia: “Herédia, pai, que é o capitão da nossa ‘équipe’, tendo-se treinado à espada, concorreu ao florete. A sua classificação, porém, não correspondeu aos seus méritos. Estou convencido de que teria feito uma figura brilhante na espada”.

Terminou aqui a prestação Olímpica de Sebastião Herédia, que não a sua prática desportiva, já que em 1931, é descrito um longuíssimo assalto de cinquenta e sete minutos, frente a Mascarenhas de Menezes, no Campeonato Nacional de Florete, quando já contava com cinquenta a cinco anos e, ainda nesse ano, no Portugal-Inglaterra, disputado em Londres, onde obteve três vitórias, naquilo que o Morning Post relatou nestes termos: “Nunca Londres viu um match mais belo (…)”.

PS: Tarda em concretizar-se a atribuição à Sala de Esgrima do Funchal, construída pelo IDRAM na E. S. Jaime Moniz (entidade detentora de um acervo de armas e equipamentos que foram pertença de Sebastião Herédia) a designação de “Sala de Armas Sebastião Herédia”, ideia que é do agrado da Associação de Esgrima da Madeira, e constituiria uma merecida homenagem ao nosso primeiro olímpico.

Bibliografia consultada:
Cardoso, C. P, 1996, Os Jogos Olímpicos, Lisboa: CTT – Clube do Colecionador.
Pinto, A. S.,1883, Resenha das Famílias Titulares e Grandes de Portugal, Lisboa: Empresa Editora de Francisco Arthur da Silva.
Serpa, H.,2007, História do Desporto em Portugal: Do século XIX à Primeira Guerra Mundial, Lisboa: Instituto Piaget.
Barroso, M., 2001, História do Ciclismo em Portugal, Lisboa: CTT – Clube do Colecionador dos Correios.
Pinto, R. & Lino, M., 1999, UVP-FPC: Cem Anos de Ciclismo, Lisboa: ASA.
Valarinho, J., 1993, Espadas e Floretes, Lisboa: Ed. Autor.
Quina, M. G. coord., 2008, Olímpicos de Portugal: 1912-2008, Lisboa: IDP-IP.
Santos, F.,1989, História Lúdico-Desportiva da Madeira, Funchal: SRE.
Santos, M. S., 2012, Na rota da Roda, Ansião, Jornal Horizonte, n.º238.

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O novo Governo Regional da Madeira liderado por Miguel Albuquerque entende que “é primordial escrever um novo capítulo mais ambicioso, inovador, com visão de futuro, atento às realidades e às necessidades, que tenha como desígnio responder aos reptos de um mundo mais complexo, que está em constante mutação, muito diferente de tudo aquilo que se conheceu. Um novo capítulo que deverá ter como principal protagonista o madeirense residente fora da Região Autónoma da Madeira.”

É desta forma que o novo executivo olha para a emigração e no Programa de Governo divulgado esta terça-feira é dado grande destaque a esta temática, com o executivo a traçar um plano de orientações estratégicas que abrange 18 diferentes medidas. A saber:

 Contribuir para preservar a nossa identidade, as nossas características singulares e o nosso legado histórico.

 Conceber programas de ação para os madeirenses residentes no estrangeiro e seus luso-descendentes, em coordenação com entidades públicas e privadas, nacionais e estrangeiras.

 Criar e manter atualizado um banco de dados informatizado, com o objetivo de permitir a caraterização permanente das comunidades madeirenses, elaborando informações atualizadas.

 Acompanhar o movimento emigratório, zelar pela sua legalidade e ter em conta os problemas de inserção dos madeirenses nas várias comunidades de destino.

 Desenvolver iniciativas e projetos que favoreçam o desenvolvimento da RAM, através da rentabilização do prestígio, conhecimentos e trabalho desenvolvidos pelos madeirenses nos países de acolhimento.

 Reforçar, em articulação com a Universidade da Madeira e com outras instituições de ensino, a participação dos nossos luso-descendentes em ofertas formativas, cursos, estágios e investigação.

 Promover ações que visem a preparação dos nossos conterrâneos que pretendam trabalhar no estrangeiro.

 Colaborar com as entidades competentes na fiscalização da atividade de entidades privadas de recrutamento que, em território nacional/regional, procedem à contratação de trabalhadores para o estrangeiro.

 Promover a Marca Madeira como cartaz turístico junto das Comunidades Madeirenses, com o intuito de atrair os madeirenses, seus familiares e amigos para férias na Região.

 Dinamizar, em colaboração com entidades públicas e privadas, ações de apoio social aos madeirenses e seus familiares aquando do seu regresso, como forma de facilitar o seu ingresso nesta sociedade.

 Assegurar contactos permanentes entre as autoridades regionais e as autoridades locais dos países de acolhimento das nossas comunidades.

 Promover, em colaboração com as coletividades e associações, nos locais onde estas se encontram, ações que visem não só a preservação da nossa cultura como o intercâmbio e o desenvolvimento de encontros temáticos que divulguem e promovam o potencial da Região.

 Garantir, junto do Governo da República, a representação da Região nas delegações que negoceiem tratados, acordos internacionais e outras formas de cooperação.

 Manter a participação da RAM nos Protocolos existentes com o Governo da República, tendentes ao acompanhamento dos fluxos migratórios.

 Reestruturar os mecanismos de representação dos emigrantes junto do Governo Regional, tendo em conta a dinâmica proposta para o sector, a realidade das nossas comunidades, particularmente dos nossos luso-descendentes, e as tecnologias de informação ao dispor.

 Construir, dinamizar e monitorizar uma Plataforma de Negócios entre madeirenses e outros que implemente o desenvolvimento de parcerias e envolva a cooperação económica entre empresários e seus pares onde quer que se encontrem com vista a potenciar negócios em todos os domínios com interesse mútuos.

 Manter contactos permanentes com associações empresariais, comerciais e profissionais no estrangeiro para o desenvolvimento de novas oportunidades de negócios e de cooperação com vista à internacionalização da nossa economia.

 Criar uma estrutura de Apoio ao Investidor da Diáspora como forma de facilitar e acompanhar o investimento das nossas comunidades na Região.

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A pouco mais de duas semanas da histórica final que vai opor o Marítimo ao Benfica, no estádio de Coimbra, o AgoraMadeira apurou que o interesse dos madeirenses em assistir ao vivo o último jogo da edição deste ano da Taça da Liga não tem sido muito. Pelo menos até agora, altura em que há apenas algumas dezenas de confirmações.

Um dos maiores motivos pela pouca afluência está relacionado com o anúncio tardio do dia 29 de Maio como data oficial para a realização do jogo, uma atraso da Liga de Clubes que veio encarecer toda a deslocação já que quanto mais tarde forem feitas as reservas maior será o valor a pagar e menor será o número de pessoas dispostas a pagá-lo.

O facto de o jogo ser numa sexta-feira, dia de trabalho, é outro ponto negativo que impedirá, à partida, que haja uma grande mobilização de madeirenses. Uma situação que, certamente, se iria agravar se o jogo fosse numa quinta-feira…

GOVERNANTES MARCAM PRESENÇA

Entre os apoiantes estão 25 elementos da claque do Marítimo Esquadrão Maritimista numa comitiva que contará com a presença de alguns governantes, entre eles, tudo aponta para a presença de Jorge Carvalho, secretário da Educação, Eduardo Jesus, secretário da Economia e Turismo, assim como do próprio presidente do Governo Regional Miguel Albuquerque e outros responsáveis afetos à presidência do executivo madeirense.

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Ewerton Jaenisch / Ex-guarda-redes do Marítimo

Hoje vou recordar aquele jogo com o Sporting, no estádio do Jamor, em 1994/95, na final da Taça de Portugal. Um jogo com grandes recordações.

As semanas que antecederam o jogo foram vividas com muita ansiedade, expectativa e otimismo, não só da parte da equipa como também dos adeptos. Todos os treinos em Santo António ou nos Barreiros era acompanhado por um número expressivo de adeptos. Parecia um jogo!

No dia que viajamos para Lisboa, desde a saída do Aeroporto da Madeira passando pelo hotel onde estávamos em Lisboa e até a deslocação ao Jamor, tudo foi sempre acompanhado por um grande número de adeptos. Recordo especialmente a nossa chegada ao estádio. Muito bonita. Muitos adeptos com a camisola do Marítimo a cercar o autocarro e desejando-nos boa sorte.

Aquela inédita ida à final foi importante para a Madeira. O nome da ilha esteve em evidência através do Marítimo por um longo período nos média portugueses e europeus.

No campo, tive uma boa atuação mas a frustração de ter perdido o jogo também foi grande. O Sporting tinha uma grande equipa com Figo, Balakov, Amunike, entre outros, que preparavam as jogadas para o Iordanov e isto ocasionou um duelo dele comigo e que, infelizmente, foi favorável a ele…

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O Canicense, com o apoio da Câmara Municipal de Santa Cruz, organiza, no dia 3 de Junho de 2015, no hotel Vila Galé em Santa Cruz, a 3ª Conferência do Movimento Associativo/Desportivo da Região Autónoma da Madeira.

A apresentação do evento acontece já este dia 14 de Maio, numa conferência de imprensa a ter lugar às 11 horas, no salão nobre da Câmara Municipal de Santa Cruz.

Um dos grandes responsáveis pela organização desta conferência é Rui Mâncio, ex-diretor técnico da Associação de Futebol da Madeira que agora é coordenador geral do clube do Caniço, Canicense que é liderado por Maurílio Caires.

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Vítor Oliveira é um dos treinadores portugueses mais experientes da atualidade e espera agora, no União da Madeira, conseguir a sétima subida à Primeira Liga da carreira.

O facto de o clube madeirense estar, a duas jornadas do fim, a dois pontos de um lugar de subida, e poder disputar a posição quase até ao limite do fim do campeonato não cria intranquilidade no treinador.

“Esta situação não é nova para mim. Já me aconteceu duas ou três vezes. Já conseguiu subir a quatro jornadas ou a cinco jornadas do fim mas já consegui subir na última jornada também, por isso estou perfeitamente à vontade com esta situação. Estou perfeitamente tranquilo porque confio no que os meus jogadores”, sublinhou.

A primeira subida de Vítor Oliveira foi em 1990/91, no Paços de Ferreira, tendo o técnico permanecido na época seguinte, na Primeira Liga, no clube da capital do móvel. A subida, e respetivo título de campeão da Segunda Liga, foi alcançada com cinco pontos de vantagem para o segundo classificado.

Em 1996/1997, Vítor Oliveira consegue recolocar a Académica entre os grandes do futebol português, com um terceiro lugar e com quatro pontos de vantagem para o quarto classificado.

Seguiu-se o União de Leiria em 1997/1998, com mais um título e a seis pontos de vantagem para o segundo. Na temporada seguinte, o atual treinador do União voltou a levar mais uma equipa para a Primeira Liga, desta feita o Belenenses tendo os azuis do Restelo terminado o campeonato em segundo lugar e com 10 pontos de vantagem para o quarto classificado.

No Leixões, em 2006/2007, voltou a ser campeão da Segunda Liga, e a última subida para a Primeira Liga foi em 2012/2013, em Arouca, tendo terminado com cinco pontos de vantagem para o terceiro classificado. Antes, em 2005/2006 subiu o Leixões.