Ataque do tubarão desvalorizado pela organização da travessia
Um dia depois de o AgoraMadeira ter relatado a experiência de Frederico Silva que foi atacado, ao largo de Santa Cruz, por um tubarão azul durante a travessia Madeira-Desertas, a organização do evento desvalorizou a situação.
“Não foi nem episódio nem incidente! Se nós queremos fazer travessias de longas distâncias entre duas reservas naturais onde temos como objetivo promover a biodiversidade e a vida marinha as pessoas que se inscrevem devem perceber que estão num meio aquático. Anormal seria um tubarão aparecer numa levada”, realçou o presidente da Associação de Natação da Madeira (ANM) ao AgoraMadeira.
Avelino Silva congratula-se até pelo aparecimento do tubarão…”Ainda bem que aconteceu isto porque desta forma percebe-se que na Madeira existe vida marinha e que existem duas reservas naturais que são únicas em Portugal. E só temos é de valorizá-las”, destacou o responsável direcionado as atenções para o sucesso da travessia. “A prova correu bastante bem. Os atletas mantiveram a calma e continuaram a fazer a sua prova, muitos deles até nadaram ao lado de golfinhos!”
O presidente da Associação de Natação da Madeira põe mesmo em causa que tenha havido um ataque deliberado da parte do tubarão.
“Para dizermos que um tubarão investiu teríamos de ter uma avaliação muito profunda, provavelmente até com um GPS colocado no próprio animal para perceber as movimentações dele. Não quero com isto dizer que não acredito no que o Frederico disse. Houve, de facto, um impacto mas ninguém pode dizer exatamente o que aconteceu”, sublinhou.
“NÃO HÁ REGISTOS DE ATAQUES!”
Reconhecendo que o que aconteceu “não é uma situação normal”, Avelino Silva lembra que os investigadores da Universidade da Madeira e do Centro de Biologia Marítima do Funchal “têm registos de que há tubarões na Madeira um pouco por toda a ilha mas os mesmos registos dos últimos 500 anos demonstram que as espécies de tubarões que existem na Madeira não são ofensivos e não há registos de ataques!”
O responsável assegura que no momento em que o tubarão rondou o nadador e os canoistas, a organização, através do diretor de prova, juntamente com a Capitania do Funchal e a Polícia Marítima, accionou o procedimento de segurança que foi retirar todos os participantes do mar durante 10 minutos “tendo sido explicado a todos o que tinha acontecido”, sendo que a prova foi retomada logo que houve garantias de que o tubarão já tinha desmobilizado. Avelino Silva diz também que a organização já transmitiu o registo e as coordenadas do local onde o episódio aconteceu às entidades competentes.
Recorde-se que Frederico Silva entende que a organização da travessia a nado, a cargo da Associação de Natação da Madeira e do Iate Clube de Santa Cruz, podia ter dado mais atenção ao incidente.
“A organização minimizou muito a situação. Compreendo que não quisessem manchar, de certa forma, o evento, mas podia ter corrido muito mal para alguém e eu não falo de mim! Era um tubarão grande, persistente e que andava ali a rondar…Disseram que ia estar muito atentos mas ele podia aparecer de repente e fazer danos irreparáveis a alguém”, contou.