Num documento com três páginas, assinado pelos presidentes das associações de canoagem, de vela e de jet ski, dirigido à administração dos Portos da Madeira (APRAM), ao qual o AgoraMadeira teve acesso, é feito um pedido bem claro.
“Vimos por este meio manifestar o nosso interesse em manter o estacionamento de embarcações náuticas pertencentes aos clubes Náuticos sedeados no Funchal e às Associações Regionais (…) por forma a assegurar a prática e o fomento das actividades náuticas e o acesso ao Mar, na cidade do Funchal, da população da Região Autónoma da Madeira”, destaca a missiva enviada à APRAM, referindo-se depois à área em causa. “Vimos também reiterar interesse na continuação de utilização da parcela de domínio público marítimo, localizada desde a nascente da denominada Praça do Mar, no Porto do Funchal, à margem poente da Ribeira de São João”, continua o documento. A acompanhar o texto foi também enviado um esboço ilustrativo.
Seguem-se 13 pontos que servem para justificar o pedido feito, vários argumentos de diversa ordem e que servem para reforçar a importância do espaço para os clubes e associações náuticas.
1 – O histórico de utilização do espaço em questão, do conhecimento da tutela, nomeadamente de criação de uma unidade de apoio às actividades náuticas, de serviços e competências partilhadas, e que esteve previsto no plano de investimentos da Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento, sendo que na sua sequência, previa a instalação de uma infra-estrutura de apoio às actividades náuticas, no preciso local que desta forma, reiteramos interesse em desenvolver o projecto “Centro de Mar e de Apoio às Actividades Náuticas.
2- As entidades signatárias deste ofício, de cariz desportivo e sem fins lucrativos, com objectivos de desenvolver a prática das modalidades desportivas de Mar, bem como de promover a prática desses desportos em contexto de lazer, de formação, de competição, com efeitos transversais à população da Região.
3 – A posição geográfica da Madeira, que permite atestar um enorme potencial para o desenvolvimento das actividades náuticas, quer pelas suas condições naturais, como as temperaturas amenas de ar e água durante todo o ano, quer pelo facto da Madeira se encontrar na rota dos ventos alíseos, e de correntes favoráveis à prática do desporto náutico.
4 – A tradição náutica da Madeira, em que São Lázaro sempre foi a casa das actividades náuticas, acumulando décadas de actividade, seja de lazer, seja de prática desportiva, contribuindo para que a prática dos desportos náuticos pela população madeirense, tendo aí verificado milhares de baptismos de mar, contribuindo para o desenvolvimento das capacidades basilares dos indivíduos.
5 – Os eventos náuticos nacionais e internacionais como forma de contribuir para a promoção da Região, como destino de turismo de lazer, como foram exemplos, a organização do Europeu de Windsurf, no ano de 2012, e os eventos que se perspectivam desenvolver no espaço de São Lázaro.
6 – As infra-estruturas dos clubes náuticos e associações náuticas vizinhas do arquipélago da RAM, que sistematicamente têm retirado à Madeira, competitividade na captação de estágios desportivos, permitindo assim esbater a sazonalidade da frequência de não residentes à Madeira, através de projectos de preparação do ciclo olímpico e de provas internacionais, com declarado interesse e potencial.
7 – A prática desportiva de actividades náuticas, como uma aposta da tutela do Governo Regional, nomeadamente através da Direcção Regional de Juventude e Desporto, e do Orçamento Regional, consignando verbas para a prática desportiva das actividades náuticas.
8 – A inclusão dos indivíduos portadores de deficiência motora, através da prática desportiva náutica adaptada, e que têm registado nos últimos anos, uma forte expansão, e visibilidade, junta dessas comunidades, sendo notório, o bem que esta prática de actividades náuticas representa no desenvolvimento físico e mental desses indivíduos.
9 – O interesse que este espaço representa para a continuidade da estratégia de requalificação da frente mar da cidade do Funchal, dotando o espaço de uma dignidade que até agora não foi possível dar, motivada pelos constrangimentos financeiros que a Região tem vindo a sofrer.
10 – A possibilidade de instalação de um centro de apoio às actividades náuticas do Funchal, representando uma aposta formativa nos nossos jovens, bem como de promoção dos desportos náuticos, e na prevenção de comportamento desviantes no desenvolvimento dos mesmos, através da requalificação do espaço e potenciando o nosso valioso posicionamento geográfico e de tradição marítima, bem como da componente museológica e interpretativa das actividades náuticas.
11 –O facto de estarem previstos fundos comunitários, a exemplo dos que estiveram disponíveis no Quadro Comunitário cessante, no âmbito dos Pólos de Competitividade e Tecnologia e“Outros Clusters” pelo programa COMPETE e que permitirão financiar esta aposta no desenvolvimento da náutica de recreio e dos desportos náuticos enquanto componentes relevantes para o reforço da posição do Funchal como uma capital naútica do atlântico, bem como de considerar este projecto do Centro de Apoio às Actividades Naúticas como projecto âncora do Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar, assumindo-se como um pólo agregador da náutica e do turismo náutico através da articulação em rede de um conjunto de atividades que englobam a expansão e qualificação de instalações náuticas em cooperação com os clubes desportivos; o turismo náutico e a valorização de um conjunto de elementos patrimoniais e ambientais, potenciadores da criação de novas actividades relacionadas com a valorização do “Mar” e de novas competências, nomeadamente na área dos serviços à náutica.
12 – As actividades náuticas lúdico desportivas como um factor potenciador da criação de valor e de emprego na RAM, ao serviço da população e em simultâneo do turismo, nomeadamente de um vasto leque de visitantes que procuram atividades na natureza, assim como um nicho mais específico, de desportistas, que procuram bases de treino sazonais que compensem a falta de condições das suas, nomeadamente no período de inverno.
13– A possibilidade única de desenvolver uma solução arquitetónica e urbanística privilegiada no enquadramento náutico excecional da baía e da frente de mar do Funchal, eliminando definitivamente a imagem de cul-de-sac e estaleiro a que aquele espaço sempre esteve destinado, permitindo a criação de um espaço lúdico desportivo singular a nível nacional, e internacional, de utilização transversal à população local e ao turismo.
O documento foi assinado por Sérgio Jesus, presidente da Associação de Vela da Madeira, Viriato Timóteo, presidente da Associação de Canoagem da Madeira, e João Sintrão, presidente da Associação de Jet Ski da Madeira.