De cor e aroma intensos, o Alvarinho é uma das melhores castas brancas enxertada nas vinhas portuguesas e não admira, por isso, que seja muito cobiçado. O delicioso vinho está, por estes dias, no meio de uma disputa que promete fazer correr tinta. Em causa está o alargamento da sua produção a todos os concelhos da  Região de Vinhos Verdes. 

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José Diogo Albuquerque, secretário de Estado da Agricultura, garantiu ontem, em Monção, que a legislação que vai regulamentar o alargamento da produção de vinho Alvarinho vai mesmo ser publicada na próxima semana. O governante foi recebido com fortes protestos da parte de 150 produtores de Melgaço e Monção.

“A decisão da região é a decisão que será. O que temos no setor do vinho é que existe uma certa autorregulação pelas regiões, que depois tomam decisões, e o Governo homologa. Quando encontramos questões que não se podem compadecer com a legislação nacional ou comunitária aí verificamos, mas neste caso foi um acordo bastante trabalhado e eu concordo inteiramente com ele”, vincou.

Quem não aceita esta posição são os produtores que vão avançar, garantem, com uma providência cautelar contra o alargamento da produção do vinho Alvarinho cujo papel tem sido vital no desenvolvimento do município de Melgaço.

Entretanto, foi inaugurado, ontem, o primeiro museu dedicado ao vinho Alvarinho que fica situado na Casa do Curro, um imóvel do século XVII no centro histórico de Monção.  Este investimento custou 148 mil euros e é, na verdade, uma homenagem a este néctar e a todos os produtores que, ao longo dos anos, têm contribuído para a  promoção e valorização deste produto.

O que os produtores de Melgaço, incluindo os acionistas da empresa ‘Quintas de Melgaço’ cuja maioria do capital é detido pela autarquia local, temem é que  o acordo prejudique a sub-região e todo o trabalho por ela preconizado.

Naquele concelho há cerca de 450 hectares ocupados pela produção de Alvarinho. Segundo números da Associação de Produtores de Alvarinho (APA), são produzidos anualmente nos dois concelhos, cerca de dez milhões de quilos de uvas daquela casta que dão origem a sete milhões de litros de Alvarinho.