A propósito

A propósito

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Sancho Freitas / Diretor financeiro do Marítimo

A propósito de economia…

Primeiro. A incerteza sobre o contexto é um entrave determinante ao investimento e ao crescimento económico. Apenas serve interesses especulativos. Isto a propósito da Grécia e fechado que está o referendo sobre a aceitação ou não das condições impostas pelos credores. Ganhou o “não”. Mas o resultado não é assaz relevante. Porque o escrutínio teve apenas propósito negocial. Se ganhasse o “sim”, o Governo Grego perdia fôlego. Se ganhasse o “não”, recuperava trunfos. Em bom rigor, o referendo serviu sobretudo para definir o semblante de um e de outro lado no início da ronda negocial seguinte. Em qualquer dos cenários, o problema base mantém-se. Os políticos discutem, em reuniões intermináveis, uma maleita financeira que apenas o crescimento económico pode cuidar de forma estruturada. Tudo o resto são pensos rápidos. E mais incerteza.

Segundo. No final de 2014 a dívida pública grega era de 316.900 milhões de euros, correspondentes a 185% do PIB. Na mesma data, a dívida pública portuguesa era de 224.477 milhões de euros. 128,7% do PIB. Em 31 de Março deste ano, a dívida pública regional era de 6.166 milhões de euros, valor que ronda os 150% do PIB regional (valores de 2013). Um grave problema financeiro. Que urge tratar, com dinâmica da atividade económica. Só conheço três maneiras de o fazer. Mais investimento, preferencialmente captado no exterior. Maior consumo dos particulares, de impacto sobretudo conjuntural. E mais exportações. Sendo que na Madeira pouco mais poderemos exportar do que serviços de base tecnológica.

Terceiro. Há alguns anos, um economista que nos visitou, que não consigo precisar, confrontado com a afirmação de que a distância dos grandes mercados era um pesado fardo para as empresas regionais, respondia de forma assertiva que, considerando as características do nosso tecido empresarial, assente em micro entidades de cariz familiar, de mão-de-obra intensiva, esse isolamento, mais que um constrangimento, era a sua proteção. Que, a atuar num mercado mais competitivo, as nossas empresas seriam “dilaceradas”. Ainda assim, acredito que esta circunstância não é um “fado” regional. Hoje começamos a ter uma geração de jovens empresários preparados para competir globalmente.

A propósito de política…

Primeiro. Festas, festivais e festanças. Esta parece ser a fórmula encontrada pelas autarquias para promover as pequenas economias locais. Por mais que me pareçam em número exagerado, a verdade é que a afluência de público teima em tirar-me a razão. E o papel das autarquias é precisamente este. Atuar e dinamizar os negócios à dimensão concelhia. Os comerciantes e o povo agradecem. E os artistas também.

Segundo. Antes de mais, faço uma declaração de interesses. Nunca votei PS. Mas António Costa é o maior flop da política portuguesa dos últimos tempos. Sem ideias. Com frases feitas, mais ou menos delirantes. Tudo se torna mais caricato porque ganha o PS num “assalto ao poder” orquestrado durante meses a fio, sob o epíteto de “salvador da pátria”. Os socialistas devem estar a tremer. E com razão. Mas se o PS ganhar as eleições, tremeremos todos. Pelo meio, Seguro e Sócrates disputam as maiores gargalhadas.

A propósito de nada…

Um milionário promove uma festa em casa. De repente, pede para parar a música e diz, olhando para a piscina onde cria crocodilos: – “A quem saltar para a piscina, atravessá-la e sair vivo do outro lado, ofereço todos os meus carros”. Ninguém o faz. Ele insiste:

– “A quem saltar para a piscina, atravessá-la e sair vivo do outro lado, ofereço todos os meus carros e os meus aviões”. Mais uma vez, ninguém o faz. E ele: – “A quem saltar para a piscina, atravessá-la e sair vivo do outro lado, ofereço todos os meus carros, os meus aviões e as minhas mansões”.

Neste momento, alguém salta na piscina. A cena é impressionante. Luta intensa, o destemido defende-se como pode, segura a boca dos crocodilos com pés e mãos, torce-lhes o rabo. Após alguns minutos de terror e pânico, o homem sai da piscina, cheio de arranhões, hematomas e quase despido.

O milionário aproxima-se, dá-lhe os parabéns e pergunta: – “Parabéns. Onde quer que lhe entregue os carros, ao aviões e as mansões”? – “Eu não quero, nem os seus carros, nem os aviões, nem as mansões”, ouve de volta.

Surpreso, o milionário pergunta: “Mas se você não quer nada do que ofereci o que quer então?”

– “Achar o (…) que me empurrou na piscina!”